JAPÃO: MESMO AS TORTURAS MAIS CRUÉIS NÃO CONSEGUIRAM DOBRAR CRISTÃOS E RELIGIOSOS
DURANTE PERSEGUIÇÕES DO SÉCULO XVII
Cidade do Vaticano, 11 jun (RV) - Com os decretos promulgados no dia 1º do
corrente, Bento XVI aprovou a canonização e a beatificação de 320 novos servos e servas
de Deus, cujo martírio foi reconhecido.
É o caso do sacerdote jesuíta, Pe.
Peter Kibe Kasui, sacerdote professo da Companhia de Jesus, e 187 seus companheiros
_ sacerdotes, religiosos e leigos _ assassinados no Japão, nas primeiras décadas de
1600.
"Este criminoso arrecadou esmolas para ajudar as viúvas e as crianças
órfãs dos mártires, e também os missionários": dizia a escrita de um cartaz carregado
pelo carcereiro que estava escoltando o prisioneiro ao local da execução, no topo
da colina de Nishizaka.
O "criminoso" _ como foi chamado _ era Michael Kusurya,
conhecido como o "Bom samaritano de Nagasaki", por sua incansável ação de solidariedade
para com os cristãos japoneses e os missionários jesuítas, todos eles vítimas de expulsões,
torturas ferozes e assassinatos.
Era o dia 28 de julho de 1633 _ o clímax de
um período dramático para a Igreja no Japão, fundada cerca de 90 anos antes, por São
Francisco Xavier. Desde 1587, os shoguns, isto é, "os marechais da coroa", começaram
a perseguir os batizados no país do Sol Levante, que em poucos anos se tornaram 300
mil.
Por trás da campanha anticristã, se encontrava o ciúme dos budistas, mas
também o ódio para com a crescente influência da Espanha e Portugal, pátria de muitos
dos missionários.
A onda de violência chegou a esfacelar _ quase na sua totalidade
_ a comunidade católica: sacerdotes, anciãos, pais e mães de família, e crianças.
Muitos foram mutilados e decapitados, outros condenados à fogueira. Foi este último,
o destino de Michael Kusurya, que subiu a colina cantando os salmos e morreu amarrado
a um tronco, queimado vivo. (RL)