2007-06-12 16:05:27

Bento XVI condena "profanação do corpo" nos Media e pede aposta na educação perante os perigos do relativismo e do consumismo


(12/6/2007) Num tempo marcado pelo relativismo, pelo consumismo e pela profanação do corpo e da sexualidade, mais árdua e importante se revela a acção educativa junto das novas gerações, para transmitir a alegria da fé e da vida em Cristo, em clima de liberdade, mediante uma “pastoral da inteligência”: sublinhou o Papa intervindo, nesta segunda-feira ao fim da tarde, na abertura do Encontro Eclesial da diocese de Roma que decorre nestes dias, na basílica de São João de Latrão, tendo como tema “Jesus é o Senhor. Educar na fé, no seguimento (de Cristo), no testemunho”.


Educar na fé, no seguimento de Cristo e no testemunho – observou Bento XVI – quer dizer “ajudarmo-nos mutuamente a entrar em relação viva com Cristo e com o Pai. É esta desde o início, a tarefa fundamental da Igreja, como comunidade dos crentes, discípulos e amigos de Jesus”.

O Papa reconheceu a dificuldade de educar para a fé, nos dias de hoje, em que toda e qualquer actividade educativa aparece cada vez mais precária, ao ponto de se poder falar mesmo de uma “emergência educativa”, dada a “dificuldade de transmitir às novas gerações os valores base da existência, e de um recto comportamento”. Isto vale para a escola, para a família e para todo e qualquer organismo que se proponha desenvolver uma acção educativa.


Numa sociedade e numa cultura que demasiadas vezes fazem do relativismo o próprio credo, vem a faltar a luz da verdade e acaba-se por duvidar da bondade da vida e da validade das relações e dos empenhos que a constituem. Como se poderia então propor aos mais jovens e transmitir de geração em geração algo de válido e de certo, regras de vida, um autêntico significado e objectivos convincentes para a existência humana, como pessoas e como comunidade?

É por isso que “a educação tende a reduzir-se à transmissão de determinadas competências, de capacidades de fazer” isto ou aquilo. E pais e professores sentem-se tentados a abdicar das suas responsabilidades educativas, não sabendo já qual o seu papel, qual a missão que lhe está confiada.
Ora o “objectivo essencial da educação é a formação da pessoa para a tornar capaz de viver em plenitude, dando o seu contributo para o bem da comunidade”. Cresce, assim, a procura de uma educação autêntica e a redescoberta da necessidade de educadores que o sejam mesmo.

Neste contexto, assume cada vez mais importância o empenho da Igreja de educar na fé, no seguimento de Cristo e no testemunho, isto é, de conduzir as crianças e os jovens a um encontro pessoal com Jesus, estabelecendo com Ele uma relação duradoura e profunda. Aliás trata-se – advertiu o Papa – de um desafio decisivo para o futuro da fé, da Igreja e do cristianismo, e portanto uma prioridade essencial no nosso trabalho pastoral.
Tal tarefa ultrapassa obviamente as nossas forças – sublinhou Bento XVI. Só poderá ter lugar com a potência do Espírito Santo. Requer a luz e a graça que vêm de Deus e agem no íntimo dos corações e das consciências.
Por outro lado – observou ainda o Papa – a educação, e de modo particular a educação cristã – que visa plasmar a própria vida segundo o modelo do Deus que é amor – tem necessidade daquela proximidade que é própria do amor.

Sobretudo hoje em dia - quando o isolamento e a solidão são uma condição generalizada, à qual não põem remédio o rumor e o conformismo de grupo – torna-se decisivo o acompanhamento pessoal, que dá a quem cresce a certeza de ser amado, compreendido e acolhido. Este acompanhamento deve, concretamente, levar a fazer a experiência de que a nossa fé não é algo do passado, mas que pode ser vivida hoje e que, vivendo-a, nós encontramos de facto o nosso bem. Os jovens podem assim ser ajudados a libertar-se dos preconceitos tão frequentes, tomando consciência de que é razoável e realizável o modo de viver cristão, mais ainda, é de longe o modo mais razoável.


Particularmente importante é aquela proximidade que pode ser oferecida pelo padre, pela religiosa, pelo catequista ou por outros educadores capazes de tornar concreto para o jovem o rosto amigo da Igreja e o amor de Cristo. Tudo isto na consciência de que a relação educativa é um encontro de liberdades, e que a própria educação cristã é uma educação à autêntica liberdade.








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