Harare, 05 jun (RV) - O regime de Robert Mugabe em Zimbábue está treinando
jovens adolescentes para reforçar suas unidades policiais e aplica técnicas de lavagem
cerebral nos acampamentos do exército. A denúncia é do arcebispo de Bulawayo, Dom
Pius Alick Ncube, à fundação internacional "Ajuda à Igreja que Sofre" (AIS).
O
arcebispo assinalou que o presidente Mugabe está submetido a uma pressão externa e
que o controle do Estado está aumentado. Em linhas gerais, registra-se um aumento
de interferências por parte do Estado. As eleições estão previstas para o ano que
vem, mas a população já se sente intimidada.
Segundo Dom Ncube, mais de 600
pessoas foram presas, recentemente. Elas foram espancadas e torturadas, e ficaram
detidas durante semanas. "Essa campanha tem como objetivo desmoralizar a população"
_ precisou o arcebispo Ncube, sublinhando que o governo está elevando a um nível demasiadamente
elevado, o temor generalizado.
Dom Ncube disse que faz parte de sua missão
e vocação, elevar a voz em nome dos necessitados e dos indefesos, e assegura que não
teme por sua pessoa.
A situação no país está cada vez mais crítica devido,
também, à inflação, que já superou 5.000%. Os dados oficiais não são corretos _ assegura
o arcebispo. Cada vez mais pessoas abandonam o país, entre elas muitas crianças e
jovens, que cruzam a fronteira a pé, sem a proteção de ninguém.
Segundo Dom
Pius Alick Ncube, com freqüência, esses emigrantes acabam sendo vítimas da exploração
sexual. No total, estima-se que 3,5 milhões dos 12,9 milhões de habitantes do Zimbábue
fugiram ou estão a ponto de fazê-lo.
A Igreja faz todo o possível para oferecer
ajuda, ainda que, como assinala o arcebispo, tem consciência de que essa ajuda não
é senão "uma gota no oceano". Por essa razão, ele pede ao Ocidente que ajude a população
de Zimbábue. (JD)