"Acto horrível contra Deus e contra a Humanidade": Bispos caldeus a propósito do assassínio
de um padre e três diáconos em Mossul ( norte do Iraque )
(4/6/2007) Um sacerdote da Igreja Católica de rito caldeu foi assassinado este
Domingo em Mossul (norte do Iraque) em frente à igreja do Espírito Santo, depois da
celebração eucarística. O Pe. Ragheed Ganni, de 34 anos, foi abatido a tiro frente
à igreja do Espírito Santo, juntamente com três diáconos da comunidade caldeia, uma
das mais antigas do mundo. Segundo fontes policiais, "o padre e três diáconos
foram vítimas do disparo de armas automáticas diante da igreja no bairro de Nur, em
Mossul, após a missa . O sacerdote e os diáconos chegaram a sair de carro do local,
mas a uma centena de metros um veículo bloqueou a rua e saíram dele quatro homens
armados". "Os homens obrigaram-nos a deixar o veículo e atiraram à queima-roupa",
referem as autoridades locais. Mossul, terceira cidade do país, 370 km ao norte de
Bagdad, é capital da província de Nínive. "No Iraque pós-Saddam Hussein, os cristãos
são objectos de verdadeiras perseguições, denunciadas com frequência por bispos caldeus
e ortodoxos", segundo a Asianews, lembrando que a igreja diante da qual foi assassinado
"chegou a ser atacada e bombardeada há alguns meses". É com o “coração em luto
e cheio de amargura” que a Igreja caldeia chora os seus “mártires”: estes os termos
da Declaração conjunta (difundida pela Agência Ásia News) do Patriarca e dos bispos
caldeus, que recordam o Padre Ragheed Ganni e os seus três diáconos.
A condenação
do Patriarca Emmanuel II Delly e dos outros prelados chegou poucas horas depois do
assassínio. “Trata-se de um crime vergonhoso, rejeitado por toda e qualquer pessoa.
Aqueles que o cometeram realizaram um acto horrível contra Deus e contra a Humanidade,
contra os seus irmãos que eram cidadãos fiéis e pacíficos, para além de serem homens
de religião que sempre ofereceram as suas orações e as suas súplicas a Deus Omnipotente
para que trouxesse paz, segurança e estabilidade a todo o Iraque” – lê-se no texto. Os
Bispos caldeus, reunidos nestes dias no Sínodo patriarcal, rezam pelos assassinados,
recordando as perseguições dos cristãos iraquianos, a sua emigração forçada e o facto
de estarem a ser pressionados a renegar a própria fé, e pedem aos responsáveis do
Iraque e às organizações internacionais para intervirem tomando as medidas necessárias
para pôr termo a estes actos criminosos”.
Também Mons. Rabban al Qas, bispo
de Amadiyah e de Erbil – recordou à Agência Ásia News a figura do padre Ragheed: “Tinha
uma grande coragem, unida a tanta calma e cordialidade. Era uma personalidade espiritual
amada por todos, católicos e muçulmanos”. O Padre Regheed é o primeiro padre
católico a ser morto no Iraque desde 2003. No ano passado, em Mosul, tinha sido assassinado
um sírio-ortodoxo, Padre Paul Iskandar.