PAQUISTÃO: CRISTÃO CONDENADO À MORTE POR BLASFÊMIA
Islamabad, 1º jun (RV) - Um tribunal distrital do Paquistão condenou à morte,
o cristão Younis Masih, considerando-o culpado de ter ofendido Maomé e o Alcorão.
A defesa considera que não há provas suficientes para condená-lo e acusa a polícia
de negligência na investigação do caso.
A denúncia de blasfêmia foi apresentada
à polícia em 2005. Segundo os acusadores, o cristão teria ofendido o Islamismo, numa
disputa com um grupo de muçulmanos, o que no Paquistão equivale à pena capital.
Para
o advogado do acusado, a condenação não tem nenhuma base e os testemunhos recolhidos
"servem apenas para matar um pessoa". Um dos acusadores queria que os cristãos rezassem
segundo os costumes islâmicos, o que deu origem à discussão com o cristão.
A
Lei da Blasfêmia, contemplada no Código Penal paquistanês, é objeto de muitas críticas
por parte da Igreja, e sua abolição tem sido pedida por líderes de várias confissões
religiosas.
Apesar de o presidente paquistanês, Pervez Musharaff, ter já anunciado
sua revogação, essa norma foi responsável _ segundo a Conferência Episcopal _ por
acusações injustas, a 148 muçulmanos, 208 ahmadis (fiéis de um movimento fundado na
Índia, por Mirza Ghulam Ahmad), 75 cristãos e 8 hindus, desde 1987, ano em que a lei
entrou em vigor.
Basta uma denúncia oral, para que se possa deter uma pessoa
por blasfêmia. Essas denúncias são, muitas vezes, motivadas por vinganças pessoais
e inveja, e levam a muitas detenções arbitrárias, com conseqüências trágicas. (JD)