BISPOS RENOVAM, EM APARECIDA, SUA OPÇÃO PREFERENCIAL E EVANGÉLICA PELOS POBRES
Aparecida, 31 mai (RV) - OS bispos latino-americanos e do Caribe, reunidos
em Aparecida, na V Conferência Geral do Episcopado, lançaram uma Grande Missão Continental,
que será permanente e profunda, para chegar a todos, e terá como objetivo "buscar
os católicos que se distanciaram e aqueles que pouco ou nada conhecem de Jesus Cristo",
para formar, com alegria, "a comunidade de amor de nosso Pai, Deus".
"Queremos
abraçar todo o continente, para transmitir-lhe o amor de Deus e o nosso" _ afirmam
os participantes da Conferência de Aparecida, em sua Mensagem Final aos Povos.
Depois
de ter recordado, parafraseando o lema da Conferência, que "todos, na Igreja, somos
chamados a ser discípulos e missionários", os bispos consideraram que "é necessário
formar a nós mesmos e formar o Povo de Deus, para cumprir essa tarefa, com responsabilidade
e com audácia".
"Nós nos propomos fortalecer a nossa presença e proximidade.
Por isso, em nosso serviço pastoral, convidamos a que se dedique mais tempo a cada
pessoa, que elas sejam escutadas, que estejamos a seu lado nos momentos importantes,
e que a ajudemos a buscar as respostas às suas necessidades. Façamos com que todos,
ao se sentirem valorizados, possam sentir a Igreja como sua própria casa" _ sublinham
os bispos, em sua Mensagem Final.
A mensagem exorta a ser "missionários do
Evangelho não apenas com a palavra, mas, sobretudo, com nossa própria vida, entregando-a
a serviço do Evangelho, até mesmo no martírio" e convida a se inserir na sociedade,
para tornar "visível o nosso amor e a nossa solidariedade fraterna, e para que promovamos
o diálogo com os diferentes atores sociais e religiosos". Numa sociedade sempre mais
pluralista _ acrescentam os bispos "sejamos integradores de forças, para a construção
de um mundo mais justo, reconciliado e solidário".
Frente às "agudas diferenças
entre ricos e pobres", os bispos convidam a "trabalhar com maior empenho, para ser
discípulos que sabem compartilhar a mesa da vida, mesa de todos os filhos e filhas
do Pai, mesa aberta, que inclua, ou seja, à qual não falte ninguém". Por isso _ ressaltam
os bispos _ "reafirmamos nossa opção preferencial e evangélica pelos pobres".
Em
sua Mensagem Final os bispos se comprometem a "defender os mais fracos, especialmente
as crianças, os enfermos e os portadores de deficiências, os jovens em situações de
risco, anciãos, detentos e migrantes". E ainda a "velar pelo respeito aos direitos
dos povos, de defender e promover os valores subjacentes em todos os estratos sociais,
especialmente os dos povos indígenas". "Queremos contribuir _ ressaltam _ para garantir
condições de vida digna: saúde, alimentação, educação, moradia e trabalho para todos."
"A
fidelidade a Jesus exige que combatamos os males que danificam e destroem a vida,
como o aborto, as guerras, o seqüestro, a violência armada, o terrorismo, a exploração
sexual e o narcotráfico" _ asseveram os bispos, ao mesmo tempo em que exortam "todos
os dirigentes de nossas nações, a defenderem a verdade e a velarem pelo inviolável
e sagrado direito à vida e à dignidade da pessoa humana, desde a sua concepção até
a morte natural."
Os bispos latino-americanos e caribenhos colocaram à disposição
de seus respectivos países, "os esforços pastorais da Igreja, para contribuir na promoção
de uma cultura da honestidade, capaz de sanar a raiz das diversas formas de violência,
enriquecimento ilícito e corrupção" e instaram a que, coerentemente com o projeto
do Pai criador, todas as forças vivas da sociedade cuidem de "nossa casa comum _ a
Terra _ ameaçada de destruição".
A Mensagem conclui com a afirmação dos bispos:
"Queremos favorecer um desenvolvimento humano e sustentável, baseado na justa distribuição
das riquezas e na comunhão dos bens entre todos os povos."
Por último, os prelados
reunidos, elevaram uma oração de compromisso, a Nossa Senhora Aparecida e à Virgem
de Guadalupe, na qual afirmam sua fé e sua esperança de...
"Ser uma Igreja
viva, fiel e crível, que se alimenta da Palavra de Deus e da Eucaristia. Viver
nosso ser cristão com alegria e convicção, como discípulos-missionários de Jesus Cristo. Formar
comunidades vivas que alimentem a fé e impulsionem a ação missionária. Valorizar
as diversas organizações eclesiais, em espírito de comunhão. Promover um laicato
maduro, co-responsável na missão de anunciar e de tornar visível o Reino de Deus. Impulsionar
a participação ativa da mulher na sociedade e na Igreja. Manter, com renovado esforço,
nossa opção preferencial e evangélica pelos pobres. Acompanhar os jovens em sua
formação e busca de identidade, vocação e missão, renovando nossa opção por eles. Trabalhar
com todas as pessoas de boa vontade, na construção do Reino. Fortalecer, com audácia,
a pastoral da família e da vida. Valorizar e respeitar nossos povos indígenas e
afro-descendentes. Avançar no diálogo ecumênico, "para que todos sejam um", como
também no diálogo inter-religioso. Fazer deste continente um modelo de reconciliação,
de justiça e de paz. Cuidar da criação, casa de todos, em fidelidade ao projeto
de Deus. Colaborar na integração dos povos da América Latina e Caribe. Que este
Continente da Esperança também seja um Continente do amor, da vida e da paz." (AF)