BENTO XVI NA AUDIÊNCIA GERAL: A ESPERANÇA É O CENTRO DA VIDA CRISTÃ
Cidade do Vaticano, 30 mai (RV) - A violência não é uma regra de vida para
os cristãos, sempre animados pela esperança: foi o que recordou Bento XVI, na Audiência
Geral de hoje, convidando a aceitar com humildade as próprias fraquezas e as fraquezas
da Igreja.
Cerca de 50 mil fiéis e peregrinos de todas as partes do mundo estavam
reunidos na Praça São Pedro, para encontrar o Sucessor de Pedro: entre eles, os pais
da menina inglesa de 4 anos, Madeleine McCann, seqüestrada em Portugal, no dia 3 do
corrente.
As obras de Tertuliano, que inaugura _ entre o final do século II
e início do século III _ a literatura cristã em língua latina, deram ao papa, elementos
para exortar os fiéis e peregrinos a cultivarem sempre a esperança, assim como fez,
em seu tempo, o grande literato africano convertido ao Cristianismo. Esperança que
"não é simplesmente uma virtude em si mesma _ disse o pontífice _ mas uma modalidade
que investe todos os aspectos da existência cristã".
"Assim, a ressurreição
do Senhor é representada como fundamento da nossa futura ressurreição, e representa
o objeto principal da confiança dos cristãos."
Bento XVI se deteve, a seguir,
sobre o drama de Tertuliano que, "com o passar dos anos, se tornou sempre mais exigente
em relação aos cristãos". Pretendia deles, em todas as circunstâncias e, sobretudo,
nas perseguições, um comportamento heróico. "Rígido em suas posições, não poupava
críticas pesadas e, inevitavelmente, acabou por encontrar-se isolado."
"A grande
personalidade moral e intelectual deste homem me faz muito pensar: deste homem que
deu grande contribuição ao pensamento cristão. Mas se vê que, no final, falta a simplicidade
e a humildade de inserir-se na Igreja, de aceitar suas fraquezas, de ser tolerante
com os outros e consigo mesmo. Se se vê somente o próprio pensamento em sua grandeza,
se acaba por perder a grandeza. Uma característica essencial de um grande teólogo
deve sempre ser justamente a humildade de estar com a Igreja, de aceitar suas fraquezas
e as próprias, porque somente Deus é realmente totalmente Santo, e nós sempre precisamos
do perdão."
A seguir, evocando a experiência dos primeiros cristãos, portadores
de uma "nova cultura" em relação à herança clássica, o Santo Padre reiterou "a perene
continuidade" entre os autênticos valores humanos e os valores evangélicos, em particular
a "não-violência" como regra de vida.
Uma escolha de fé inevitável porque "o
cristão não pode odiar nem mesmo os próprios inimigos". Palavras que, certamente,
comoveram Gerry e Kate McCann, os pais de Madeleine, seqüestrada quando se encontrava
passeando com a família, numa localidade balneária no sul de Portugal, o Algarve.
Os pais da criança vieram a Roma para rezar e receber uma palavra de conforto do papa,
ao término da Audiência Geral.
Concluída a catequese, o Santo Padre, como de
costume, passou a saudar os diversos grupos de fiéis e peregrinos presentes. Eis sua
saudação em língua portuguesa: "A minha saudação a todos os peregrinos de língua
portuguesa, de modo especial aos brasileiros da cidade Ana Rech, no Rio Grande do
Sul, conhecida também pelo nome de "Vila dos Presépios", devido à ressonância que
dela emana este símbolo natalício em honra de Deus humanizado. Com sua vinda, a nossa
pobre humanidade tornou-se morada da Santíssima Trindade. Por Ela, sejam abençoadas
as vossas famílias e comunidades com o dom da unidade e da vida plena, na solidariedade
e na paz." (RL)