Bispos de Guatemala pedem defesa da vida, com uma Carta Pastoral
(28/5/2007) “A cultura da morte na qual os guatemaltecos estão imersos” marca a urgência
da defesa da vida no país, advertem todos os bispos. Nesse sentido, escreveram
uma Carta Pastoral - «A Glória de Deus é a vida do homem» - difundida recentemente
pela Congregação para a Evangelização dos Povos. A esperança que se lê nos 48
pontos da carta não diminui o drama que denuncia, dando a conhecer a realidade de
um país cujos habitantes vêem atacada a sua dignidade por “uma pobreza”.
Cerca
de 5% da população mais rica, segunda os bispos, concentra 63 vezes mais riqueza que
o 5% mais pobre, e a Guatemala é um dos países mais assimétricos do mundo, uma vez
que 20% da população percebe menos de 2% da receita nacional e 56% da população (7,3
milhões de pessoas) «mal vive» abaixo do limiar da pobreza. A Guatemala ocupa
o primeiro lugar na América Latina em desnutrição crónica e o sexto lugar a nível
mundial, ficando atrás do Nepal e da Etiópia. Contudo, “a participação do sector
público [do país] em investimento social é absolutamente insuficiente”, coisa que
“nega o critério ético social do ‘bem comum’” denuncia unanimemente o episcopado da
Guatemala. O país é jovem (a metade de sua população não chegou à maioridade),
mas não existe quase emprego para os 140 mil jovens que o buscam cada ano.
Entre
os fenómenos mais “terríveis e dolorosos” que os bispos denunciam está “o crescimento
de grupos de delinquência juvenil, “um problema quase sem solução”. São circunstâncias
que, em conjunto, levaram a 1,2 milhão de guatemaltecos a emigrar para sustentar as
famílias no seu país de origem. Pagaram como preço “a separação e a distância de sua
família que chega em não poucos casos à desintegração”, lamentam os bispos. Merece
um especial destaque, na pastoral, “a violência impiedosa”. De 2000 a 2005, foram
registadas 23 mil mortes violentas na Guatemala. A maioria de homens, mas também há
mulheres e muitas crianças. “Sentimos e sabemos que viver é algo valioso que deve
ser respeitado em nós mesmos e nos outros, é um bem pessoal e um bem comum”, adverte
a Conferência Episcopal guatemalteca. E nas actuais circunstâncias, “a defesa
da vida é um importante desafio que só poderá ser enfrentado vitoriosamente se for
realizado desde um profundo sentido de fé”, guiado pelos princípios éticos. “Deve-se
lutar contra a cultura da morte e da violência” pede o episcopado.