2007-05-23 13:09:12

Papa reconhece os sofrimentos e injustiças infligidas pelos colonizadores às populações indígenas latino-americanas


( 23/5/2007) A recente viagem ao Brasil foi o tema desenvolvido pelo Papa na audiência geral desta quarta-feira, com dezenas de milhares de peregrinos concentrados na Praça de São Pedro, sob um sol tórrido. Para além de uma evocação das diversas etapas da visita, Bento XVI referiu-se – em jeito de esclarecimento - à delicada questão das violências sofridas, nos tempos da chegada dos primeiros missionários, pelos indígenas do continente americano. Uma questão que – recordou - se integra no âmbito da relação entre fé e cultura.
"O tema da relação entre fé e cultura sempre esteve muito a peito aos meus venerados predecessores Paulo VI e João Paulo II. Quis retomá-lo confirmando a Igreja que está na América Latina e Caraíbas no caminho de uma fé que se fez e faz história vivida, piedade popular, arte, em diálogo com as ricas tradições pré-colombianas e depois com as múltiplas influências europeias e de outros continentes. É claro que a recordação de um glorioso passado não pode ignorar as sombras que acompanharam a obra de evangelização do continente latino-americano: não se pode, de facto, esquecer os sofrimentos e as injustiças infligidas pelos colonizadores às populações indígenas, muitas vezes espezinhadas nos seus direitos humanos fundamentais. Contudo, a imperiosa menção de tais crimes injustificáveis – crimes aliás já então condenados por missionários como Bartolomeu de Las Casas e por teólogos como Francisco de Vitória, da Universidade de Salamanca – não deve impedir que se tome consciência com gratidão da maravilhosa obra realizada pela graça divina entre aquelas populações no decurso destes séculos. O Evangelho tornou-se assim no Continente o veículo de uma síntese dinâmica que, com diversos matizes, segundo as diferentes nações, exprime em todo o caso a identidade dos povos latino americanos. Hoje em dia, na época da globalização, esta identidade católica continua a apresentar-se como a resposta mais adequada, na medida em que é animada por uma séria formação espiritual e pelos princípios da doutrina social da Igreja.


Mas ouçamos as palavras pronunciadas em português, em que Bento XVI evoca as diferentes etapas da sua viagem pastoral: RealAudioMP3
Amados Irmãos e Irmãs,


Nesta Audiência Geral o Meu pensamento se dirige com emoção à Viagem apostólica que realizei na segunda quinzena de Maio. Transcorridos dois anos de Pontificado, tive por fim a alegria de ir à América Latina, que tanto amo e donde vive, na realidade, uma grande parte dos católicos do mundo. A meta era o Brasil, mas quis também abraçar todo o subcontinente latino-americano, levando-se em conta que o acontecimento eclesial que motivou a Viagem foi a Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho. Desejo renovar a expressão da minha profunda gratidão pela acolhida que Me ofereceram os Bispos do Brasil e da América Latina. Agradeço também ao Presidente da República do Brasil e às demais autoridades civis, pela cordial e generosa colaboração prestada na ocasião; sou grato, enfim, ao povo brasileiro pela calorosa acolhida de que fui objecto em São Paulo e Aparecida, bem como pela expressiva manifestação de religiosidade e de fé que soube demonstrar.
Saúdo a todos os peregrinos de língua portuguesa, mormente aos portugueses da Paróquia de Nossa Senhora de Laveiras-Caxias; Valdefigueira-Setubal; Porto Diniz e inclusive a um grupo de visitantes. Saúdo também aos numerosos brasileiros de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Brasília. A todos peço orações pelos frutos da minha Viagem na Terra da Santa Cruz, enquanto de coração vos concedo a Bênção Apostólica.








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