Bento XVI recorda a Encíclica "Populorum progressio", publicada por Paulo VI há 40
anos
(19/5/2007) Para ser autêntico, o desenvolvimento há-de ser integral, isto é, visar
a promoção de cada homem e do homem todo: esta observação feita pelo Papa Paulo VI,
há quarenta anos, na Encíclica “Populorum Progressio”, foi recordada neste sábado
por Bento XVI, ao receber no Vaticano os participantes no Congresso da Fundação “Centesimus
Annus-Pro pontífice”. Esta instituição, como recordou o próprio Papa, tem como objectivo
principal “aprofundar os aspectos mais actuais da Doutrina social da Igreja, em relação
com os problemas e desafios mais urgentes no nosso tempo”. Bento XVI aproveitou
a ocasião para expor algumas breves reflexões sobre o tema dos trabalhos deste congresso:
analisar – sob o perfil económico e social – as transformações em curso nos países
“emergentes”, com as consequentes repercussões de carácter cultural e religioso. Tudo
isto com especial atenção às nações da Asita caracterizadas por fortes dinâmicas de
crescimento económico que nem sempre significam, porém, verdadeiro desenvolvimento
social, e também aos países da África, onde o crescimento económico e o desenvolvimento
social se deparam com tantos obstáculos e desafios.
Citando a Encíclica de
João Paulo II, “Centesimus Annus”, o Papa recordou que “o desenvolvimento não pode
ser entendido de modo exclusivamente económico, mas num sentido integralmente humano”,
pois “não se trata apenas de elevar todos os povos ao nível de que gozam hoje os países
mais ricos, mas sim de construir no trabalho solidário, uma vida mais digna, fazendo
crescer efectivamente a dignidade e criatividade de cada pessoa, a sua capacidade
de responder à sua própria vocação e, portanto, ao apelo de Deus nela contido”. Sublinhando
que estas afirmações correspondem ao ensinamento constante da Doutrina social da Igreja,
Bento XVI deteve-se a evocar a Encíclica “Populorum progressio”, onde Paulo VI, faz
agora quarenta anos, afirmava já, com vigor, que “o desenvolvimento não se reduz ao
mero crescimento económico”, mas deve orientar-se à “promoção de todo o homem e do
homem todo”.
A atenção às verdadeiras exigências do ser humano, o respeito
da dignidade de cada pessoa e a busca sincera do bem comum são os princípios inspiradores
que há que ter presentes quando se projecta o desenvolvimento de uma nação. Infelizmente,
tal nem sempre acontece. A moderna sociedade globalizada regista frequentemente paradoxais
e dramáticos desequilíbrios. Quando se considera o incremento dos níveis de crescimento
económico, quando uma pessoa se detém a analisar os problemas ligados ao progresso
moderno – sem excluir a elevada poluição e o consumo irresponsável dos recursos naturais
e do meio ambiente, sobressai com evidência que só um processo de globalização atento
às exigências da solidariedade pode assegurar à humanidade um futuro de autêntico
bem-estar e de paz estável, para todos.