Roma, 14 mai (RV) - Na quarta-feira, 9 de maio, às 16h02, o avião que trazia
Bento XVI pousou no solo brasileiro, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, meia
hora antes do horário previsto. Aquele foi um momento histórico acompanhado por milhões
de brasileiros através do rádio e da televisão. Às 16 horas e 24 minutos Bento XVI
descia as escadas do avião da Alitalia e dava início à sua visita ao Brasil: a sua
6ª Viagem Apostólica Internacional, e primeira ao continente americano.
No
Aeroporto Internacional de Guarulhos, Bento XVI foi recebido pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e sua esposa, Marisa Letícia, pelo presidente do Senado, Renan
Calheiros, pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, e pelo senador José Sarney.
Na cerimônia de acolhida, o presidente agradeceu ao papa por ter escolhido
o Brasil para ser sede da V Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe.
Lula desejou a Bento XVI uma visita repleta de paz, e afirmou que "sua visita ao Brasil
é uma bênção".
No aeroporto o papa fez seu primeiro discurso ao povo brasileiro.
De
Guarulhos, Bento XVI tomou o helicóptero que o levou até o Campo de Marte, em São
Paulo. O Santo Padre recebeu, então, a chave da cidade, das mãos do prefeito Gilberto
Kassab. E o vereador Antonio Carlos Rodrigues entregou a Bento XVI o título de cidadão
honorário de São Paulo.
A bordo do papamóvel, o Santo Padre dirigiu-se para
o Mosteiro de São Bento. Milhares de pessoas acompanharam a passagem do pontífice
pelas ruas do centro de São Paulo, apesar do frio e da famosa garoa paulistana. Do
balcão do mosteiro, o papa fez uma saudação aos fiéis e concedeu a todos a sua primeira
bênção apostólica, um gesto que se repetiu várias vezes nos dias seguintes, quebrando
o protocolo.
No dia 10, logo pela manhã, Bento XVI celebrou a missa na capela
privada do Mosteiro São Bento e, às 10h30, fez uma visita de cortesia ao presidente
Lula da Silva, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do estado de São Paulo.
De
volta ao mosteiro, encontrou-se com os representantes de outras confissões cristãs
e de outras religiões. A seguir, almoçou com a nova presidência da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) e com os membros da comitiva pontifícia.
No final
da tarde, passados poucos minutos das 18h o Santo Padre dirigiu-se ao Estádio do Pacaembu,
para o grande momento deste dia: o encontro com os jovens brasileiros, procedentes
de todas as dioceses do Brasil, e de toda a América Latina. O encontro, apesar do
frio, transcorreu num clima festivo e alegre. A mensagem do papa foi bem clara nessa
ocasião: indicou aos jovens o único caminho para a felicidade.
Bento XVI apresentou
aos quase 60 mil jovens ali presentes uma mensagem sobre o sentido da vida e a importância
de encontrar-se com a bondade de Deus. Os jovens, por sua vez, responderam ao papa
com gestos de carinho e afeto.
A sexta-feira, dia 11, foi um dia memorável
para São Paulo e o Brasil: no Campo de Marte, Bento XVI presidiu à missa de canonização
de Frei Galvão, agora Santo Antônio de Sant'Anna Galvão. No início da cerimônia, o
prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal José Saraiva Martins, fez
um histórico da vida do novo santo, acompanhado do arcebispo de São Paulo, Dom Odilo
Scherer, e da postuladora, Irmã Célia Cardorin.
À tarde, Bento XVI manteve
um encontro com os bispos do Brasil, na Catedral da Sé. O encontro foi caloroso, com
grande presença do Episcopado, inclusive de bispos eméritos, que vieram a São Paulo
exclusivamente para se encontrar com o pontífice.
No final da tarde, o papa
encerrou a primeira etapa de sua viagem ao Brasil. Após três dias em São Paulo, partiu
_ às 18h09 _ a bordo de um helicóptero, do Campo de Marte, com destino a Aparecida.
Bento XVI chegou por volta das 19h de sexta-feira, a Aparecida, para a segunda
fase da viagem ao Brasil.
Na primeira cerimônia de que participou no Santuário
Nacional de Aparecida _ a oração do terço _ o pontífice reconheceu a forma carinhosa
com que foi recebido pelos brasileiros e ressaltou a dedicação dos religiosos do país.
"Agradeço a acolhida e a hospitalidade do povo brasileiro" _ disse o papa,
no quarto dia da visita. "As várias manifestações de apreço e saudações demonstram
o quanto vós quereis bem, estimais e respeitais o Sucessor do Apóstolo Pedro" _ afirmou,
falando às cerca de 30 mil pessoas que estavam na basílica, público estimado pela
organização, e aplaudiram fortemente o pontífice em diversas ocasiões, de modo particular
quando, referindo-se ao caloroso acolhimento do povo brasileiro, ele recordou que
João Paulo II sempre se referia a essa característica dos brasileiros.
"Ele
tinha razão" _ disse Bento XVI.
No sábado de manhã, o pontífice visitou a Obra
Social Nossa Senhora da Glória, também conhecida como Fazenda da Esperança: um centro
de reabilitação para dependentes de drogas e alcoolistas, em Guaratinguetá, cidade
do primeiro santo do Brasil – Santo Antônio de Sant'Anna Galvão _ onde foi recebido
por seis mil pessoas e retribuiu calorosamente, apertando as mãos de numerosos presentes.
No
domingo, 13 de maio, de manhã, cerca de 150 mil pessoas assistiram, no estacionamento
do santuário mariano de Aparecida, à missa campal presidida pelo pontífice, inaugurando
a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe.
Em sua
homilia, o papa afirmou que a fé em Deus e no Espírito Santo deve nortear a vida dos
católicos da América Latina, e não as ideologias. E sublinhou que a Igreja não faz
proselitismo, pois "ela cresce muito mais por atração".
Às 16h, Bento XVI
presidiu, na Sala de Conferências do santuário, à sessão inaugural da V Conferência
Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, motivo principal de sua vinda ao
Brasil.
Às 18h30, o pontífice deixou Aparecida, a bordo de um helicóptero
que o conduziu diretamente ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo,
onde o aguardava o avião da Alitalia, que o traria de volta a Roma e ao Vaticano.
Em sua partida, Bento XVI foi saudado pelo vice-presidente do Brasil, José Alencar
Gomes da Silva. Em seu discurso de despedida, o Santo Padre agradeceu a Deus, "ao
deixar esta terra abençoada", por ter-lhe permitido "viver aqui, horas intensas e
inesquecíveis". (MZ)