Papa exortou os jovens a viverem intensamente e com sentido de responsabilidade a própria vida, sem a desperdiçar e não usando mal a liberdade.A vida de fé e de oração vos conduzirá pelos caminhos da intimidade com Deus - disse Bento XVI aos jovens, a concluir o segundo dia da sua estadia em São Paulo. Nesta sexta feira a canonização de Frei Galvão e a partida para Aparecida.

(11/5/2007) Nesta sexta feira dia 11, o Papa concluirá a sua estadia em São Paulo com a celebração da Santa Missa e a canonização do beato frei Galvão, em Campo de Marte, durante a manhã; na parte da tarde, na Sé Catedral, o encontro com os bispos do Brasil .Seguirá depois de helicóptero para Aparecida onde pernoitará até á conclusão desta viagem ao Brasil que se concluirá domingo, dia 13 á noite com a partida para Roma.
Mas voltemos ao encontro com os jovens no estádio municipal de Pacaembu, o acontecimento conclusivo desta quinta feira.
A celebração teve como tema condutor “jovem, discípulo e missionário de Jesus Cristo e esteve estruturada numa Liturgia da Palavra. As saudações iniciais dirigidas ao Papa foram do arcebispo de São Paulo D. Odilio Pedro Scherer, do bispo encarregado da pastoral juvenil D. Eduardo Pinheiro da Silva, e de um jovem.
A coreografia esteve centrada numa série de testemunhos sobre a realidade juvenil no Brasil, a execução do canto das criaturas, com a simultânea projecção de paisagens da natureza brasileira.

“Desejei ardentemente encontrar-me convosco – queridos jovens – nesta minha primeira viagem à América Latina”: foi com estas palavras que Bento XVI iniciou a longa alocução que lhes dirigiu, no encontro realizado nesta quinta-feira à tarde, no estádio municipal “Paulo Machado de Carvalho”, de Pacaembu. Evocando “a lembrança comovedor a que conserva do grande Encontro da Juventude, na Alemanha, há dois anos, sobretudo pelos “frutos enviados pelo Senhor”, o Papa confessou a “alegria muito especial” que experimenta nestas ocasiões.
Comentando o texto evangélico do jovem rico, o Papa exortou todos e cada um a darem um sentido à vida, partindo da amizade e da mensagem de Jesus, numa vida humana e cristã cada vez mais dilatada e responsável:
"Nunca podemos dizer basta, pois a caridade de Deus é infinita e o Senhor nos pede, ou melhor, nos exige dilatar nossos corações para que neles caiba sempre mais amor, mais bondade, mais compreensão pelos nossos semelhantes e pelos problemas que envolvem não só a convivência humana, mas também a efetiva preservação e conservação da natureza, da qual todos fazem parte. “Nossos bosques têm mais vida”: não deixeis que se apague esta chama de esperança que o vosso Hino Nacional põe em vossos lábios. A devastação ambiental da Amazônia e as ameaças à dignidade humana de suas populações requerem um maior compromisso nos mais diversos espaços de ação que a sociedade vem solicitando."
Detendo-se na figura do jovem encontrado por Jesus e que lhe pergunta o que deve fazer para ter a vida eterna, o Papa observou que se trata de « uma pergunta crucial », que merece ser aprofundada. « Trata-se da vida. A vida que, em vós , é exuberante e bela. O que fazer dela ? Como vivê-la plenamente ? » É uma pergunta que « não contempla apenas o futuro ».
"Não trata apenas de uma questão sobre o que acontecerá após a morte. Há, ao contrário, um compromisso com o presente, aqui e agora, que deve garantir autenticidade e consequentemente o futuro. Numa palavra, a pergunta questiona o sentido da vida. Pode por isso ser formulada assim: que devo fazer para que minha vida tenha sentido? Ou seja: como devo viver para colher plenamente os frutos da vida? Ou ainda: que devo fazer para que minha vida não transcorra inutilmente? / Jesus é o único capaz de nos dar uma resposta, porque é o único que nos pode garantir vida eterna. Por isso também é o único que consegue mostrar o sentido da vida presente e dar-lhe um conteúdo de plenitude."
Este jovem de que fala o Evangelho – prosseguiu o Papa, na sua catequese aos jovens brasileiros – aprendeu já, porventura « em família e na Sinagoga » os mandamentos da Lei de Deus, que « conduzem à vida », isto é, « garantem autenticidade », como balizas que apontam o caminho certo. Mas não basta conhecer os mandamentos. Há que não os encarar como algo externo. Os mandamentos de Deus «  não são impostos de fora, nem diminuem a nossa liberdade ».
"Pelo contrário: constituem impulsos internos vigorosos, que nos levam a agir nesta direcção. Na sua base está a graça e a natureza, que não nos deixam parados. Precisamos caminhar. Somos impelidos a fazer algo para nos realizarmos a nós mesmos. Realizar-se, através da acção, na verdade, é tornar-se real. Nós somos, em grande parte, a partir de nossa juventude, o que nós queremos ser. Somos, por assim dizer, obra de nossas mãos.
Reforçando este seu apelo aos jovens, para que tomem consciência da responsabilidade que lhes toca de disporem da sua liberdade para viverem a vida de modo responsável, prosseguiu ainda Bento XVI :
"Sede homens e mulheres livres e responsáveis; fazei da família um foco irradiador de paz e de alegria; sede promotores da vida, do início ao seu natural declínio; amparai os anciãos, pois eles merecem respeito e admiração pelo bem que vos fizeram. O Papa também espera que os jovens procurem santificar seu trabalho, fazendo-o com competência técnica e com laboriosidade, para contribuir ao progresso de todos os seus irmãos e para iluminar com a luz do Verbo todas as actividades humanas. Mas, sobretudo, o Papa espera que saibam ser protagonistas de uma sociedade mais justa e mais fraterna, cumprindo as obrigações frente ao Estado: respeitando as suas leis; não se deixando levar pelo ódio e pela violência; sendo exemplo de conduta cristã no ambiente profissional e social, distinguindo-se pela honestidade nas relações sociais e profissionais. Tenham em conta que a ambição desmedida de riqueza e de poder leva à corrupção pessoal e alheia; não existem motivos para fazer prevalecer as próprias aspirações humanas, sejam elas económicas ou políticas, com a fraude e o engano.
Insistência especial, reservou-a o Papa ao Sacramento do Matrimónio, para o qual pediu aos jovens “um grande respeito”: “o matrimónio é uma instituição de direito natural, que foi elevada por Cristo à dignidade de Sacramento; é um grande dom que Deus fez à humanidade. Respeitai-o, venerai-o”. Citando a sua Encíclica “Deus caritas est”, o Papa recordou que o “eros” “requer um caminho de ascese, renúncias e purificações”. O amor verdadeiro “procurará sempre mais a felicidade do outro” e “por isso, será sempre mais fiel, indissolúvel e fecundo”.
Retomando, a concluir, o seu apelo inicial, Bento XVI convidou os jovens a não desperdiçar a sua existência, vivendo-a – isso sim – intensamente:
"Meu apelo de hoje, a vós jovens, que viestes a este encontro, é que não desperdiceis vossa juventude. Não tenteis fugir dela. Vivei-a intensamente. Consagrai-a aos elevados ideais da fé e da solidariedade humana. / Vós, jovens, não sois apenas o futuro da Igreja e da humanidade, como uma espécie de fuga do presente. Pelo contrário: vós sois o presente jovem da Igreja e da humanidade. Sois seu rosto jovem. A Igreja precisa de vós, como jovens, para manifestar ao mundo o rosto de Jesus Cristo, que se desenha na comunidade cristã. Sem o rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada. […] / Queridos jovens, Cristo vos chama a serem santos. Ele mesmo vos convoca e quer andar convosco, para animar com Seu espírito os passos do Brasil neste início do terceiro milénio da era cristã. Peço à Senhora Aparecida que vos conduza, com seu auxílio materno e vos acompanhe ao longo da vida.