DURANTE O VÔO PARA O BRASIL BENTO XVI EXPLICA AOS JORNALISTAS PRESENTES, OS OBJETIVOS
DE SUA VISITA
Roma-São Paulo, 09 mai (RV) - Durante o vôo que o levou de Roma a São Paulo,
Bento XVI explicou, aos jornalistas que o acompanhavam, os objetivos da sua visita
ao Brasil, manifestando grande alegria por poder visitar o "continente da esperança",
como dizia João Paulo II, referindo-se ao subcontinente latino-americano.
Depois
de falar sobre a canonização de Frei Galvão, "homem de reconciliação e de paz", Bento
XVI falou sobre o compromisso da Igreja contra a violência, por causa da fé num Deus
de "reconciliação", que não é violento e ajuda os outros a não serem violentos.
Em
relação à Teologia da Libertação, Bento XVI lembrou que "hoje a situação mudou profundamente
e a Igreja está fortemente empenhada na justiça, mas atua um discernimento, ao mesmo
tempo, para evitar falsos milenarismos, que pensam poder realizar a revolução num
sistema social perfeito".
O papa falou ainda, de Dom Oscar Arnulfo Romero,
arcebispo de San Salvador, assassinado em 1980, que definiu como "grande testemunha
da fé", pedindo que sua figura seja libertada de todos aqueles que "tentaram apropriar-se
dela por motivos políticos".
A principal finalidade da viagem _ assinalou
o papa _ é a abertura dos trabalhos da V Conferência Geral do Episcopado da América
Latina e do Caribe, o que faz com que a visita tenha um caráter predominantemente
"religioso".
A difusão das seitas é, para Bento XVI, um sinal de que as pessoas
têm "sede de Deus" e a Igreja deve responder a essa exigência, com um plano muito
concreto, "ajudando as pessoas a encontrarem condições de vida justas".
A
missão eclesial _ acrescentou _ não deixa de "procurar soluções para os grandes problemas
sociais da América Latina", apesar de a Igreja não "fazer política, mas respeitar
a laicidade".
A esse respeito, Bento XVI falou da recente legalização do aborto
em Cidade do México e da reação do Episcopado mexicano: "A morte de uma criança é
incompatível com o alimentar-se do corpo de Cristo. Os bispos não fizeram nada de
arbitrário e apenas destacaram aquilo que está previsto no Código de Direito Canônico".
O papa lembrou que a Igreja anuncia "o Evangelho da Vida" e exige coerência aos cristãos,
nesse campo.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Frederico Lombardi,
desmentiu, sucessivamente, que o papa tenha falado de "excomungar" os políticos que
apóiam a legalização do aborto. "A ação legislativa favorável ao aborto não é compatível
com a participação na Eucaristia" _ disse Pe. Lombardi, repetindo as palavras do papa
_ mas precisou que são as pessoas que legislam em favor do aborto, que "se excluem,
automaticamente, da comunhão". (AF)