2007-05-05 19:49:52

BENTO XVI EXORTA IGREJAS NOS BÁLCÃS A TRABALHAREM PARA SANAR FERIDAS DO PASSADO E CONSTRUIR A EUROPA DO FUTURO


Cidade do Vaticano, 04 mai (RV) - Sérvia, Montenegro, Macedônia e Kosovo precisam de "sábios mestres" e "santos pastores", capazes de guiar esses países para fora da pesada herança do socialismo real, rumo à integração européia, sem por isso deixar-se contaminar pelos desvios relativistas e materialistas que caracterizam o Ocidente.

Com esse forte mandato, Bento XVI recebeu em audiência, os bispos da Conferência Episcopal dos Santos Cirilo e Metódio, ao término de sua visita "ad Limina".

A Igreja que vive e atua na faixa dos Bálcãs se inspira em Cristo e está a Seu serviço e não a serviço de blocos nacionalistas ou étnicos: essa é uma das passagens-chave do discurso do Santo Padre aos prelados da Sérvia, Montenegro, Macedônia e da Administração Apostólica de Prizren, em Kosovo, ao término de sua visita "ad Limina", durante a qual o episcopado local falou sobre a "necessidade de purificar a memória" dos dramas da história recente, e de construir um autêntico diálogo comunitário _ entre os 500 mil católicos da área _ como também ecumênico e inter-religioso.

O particular cenário multiétnico e pluriconfessional dos Bálcãs _ refletiu o papa _ solicita à Igreja local "um especial cuidado espiritual e uma mais harmoniosa cooperação" com as outras Igrejas cristãs.

Em seu discurso, o pontífice falou também da necessidade de se cuidar bem da formação dos futuros sacerdotes, os quais _ disse com clareza _ não devem considerar-se funcionários de "uma organização eclesiástica". "O sacerdote _ disse Bento XVI _ se coloca totalmente a serviço da Igreja, organismo vivo e espiritual que toma sua energia não de componentes nacionalistas, étnicos ou políticos, mas de Cristo, presente em seus ministros."

"De fato _ acrescentou o pontífice _ o Senhor quis sua Igreja aberta a todos (...) Ao longo dos séculos, a tradição manteve inalterado seu caráter de universalidade, ao mesmo tempo em que se ia propagando e entrando em contato com línguas, raças, nacionalidades e culturas diferentes. Os senhores podem fazer experiência diária dessa "unidade na diversidade" da Igreja."

A fusão de raças e credos presentes nos territórios da ex-Iugoslávia comporta, para a Igreja do lugar, "uma missão nada fácil". Bento XVI o reconheceu explicitamente, mas também exortou todos os católicos a serem "fermento evangélico para a sociedade".

Uma ação pastoral desse tipo, "partilhada" _ afirmou o Santo Padre _ "não poderá deixar de comportar conseqüências benéficas também em âmbito civil", uma vez que as consciências "formadas segundo o Evangelho, serão mais facilmente impelidas a construir uma sociedade com dimensão humana".

Uma mal-entendida modernidade _ observou o Pontífice _ tende hoje a exaltar, de modo excessivo, as necessidades do indivíduo, em detrimento dos deveres que toda pessoa tem para com Deus e para com a comunidade a que pertence. É importante, por exemplo, evidenciar a reta concepção da responsabilidade civil e pública, porque justamente dessa visão, deriva o compromisso de respeito aos direitos de cada um e de uma integração convicta da própria cultura com as outras, tendendo, juntos, para o bem comum."

Acerca da reconstrução da Europa na área comunitária e sobre a contribuição das Igrejas do continente para esse processo, o papa ressaltou o análogo compromisso da comunidade sérvia, montenegrina, macedônia e kosovar: compromisso certamente difícil por causa _ ressaltou _ "da escassez de meios disponíveis" e "da exigüidade das forças católicas".

"Não desanimem _ exortou o Santo Padre, concluindo seu discurso _ mas unam suas forças e continuem pacientemente a obra dos senhores, certos de que um dia, com a ajuda de Deus, se poderão colher os frutos que Ele mesmo fará amadurecer, segundo Seus misteriosos desígnios de salvação." (RL)







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