Os ensinamentos de Orígenes recordados pelo Papa na audiência geral. Bento XVI fala
da sua próxima viagem ao Brasil.
(2/5/2007) A uma semana da sua partida para o Brasil - mais concretamente São Paulo
e Aparecida, Bento XVI dedicou a audiência geral desta quarta-feira aos ensinamentos
de Orígenes sobre a oração e a Igreja. Já na semana passada o Papa consagrara a catequese
desenvolvida nesta ocasião a este importante “Padre da Igreja” que viveu em Alexandria
do Egipto, no século III. “Para Orígenes – observou – a compreensão das Escrituras
requer a intimidade com Cristo, assim como a oração, pois que é o amor o caminho privilegiado
para conhecer a Deus. Orígenes desempenhou um ‘papel essencial’ na história da ‘Lectio
divina’ que o bispo Santo Ambrósio introduzirá seguidamente, no Ocidente, influenciando
Agostinho e toda a tradição monástica. Para mostrar que o mais elevado nível do conhecimento
de Deus brota do amor - prosseguiu ainda Bento XVI, Orígenes funda-se sobre uma significação
dada por vezes, em hebreu, ao verbo ‘conhecer’, para exprimir o acto do amor humano.
O que sugere que a união no amor fornece o conhecimento mais autêntico. A oração de
Orígenes atinge assim os mais elevados níveis da mística”. O Papa recordou o grande
exemplo de oração sempre dado pelo seu “amado predecessor” João Paulo II, o qual,
na Exortação “Novo millenio ineunte” explicou como a oração pode progredir como verdadeiro
diálogo de amor, até tornar a pessoa humana totalmente possuída pelo sopro divino”.
Este percurso de oração – explicou Bento XVI – é “um caminho inteiramente sustentado
pela graça, que exige forte empenho espeiritual e conhece também dolorosas purificações,
mas que conduz à indizível alegria interior vivida pelos místicos como união esponsal”.
No que diz respeito ao ensinamento de Orígenes sobre a Igreja, mais precisamente
sobre o correcto modo de agir de todos os fiéis, o Papa sublinhou que “é uma conduta
de vida íntegra, mas sobretudo o acolhimento e o estudo da Palavra que estabelecem
uma verdadeira ‘hierarquia da santidade’ entre os fiéis. No cume deste caminho de
santidade, Orígenes coloca o martírio. Este caminho de perfeição diz respeito a todos
nós, desde que o olhar do nosso coração se coloque na contemplação da Sabedoria e
da Verdade que é Jesus Cristo, e que a nossa existência seja pura e honesta”.
Estas
indicações, que Orígenes aponta a todos os fiéis, participantes do sacerdócio universal,
valem por maioria de razão para o sacerdócio ministerial - observou o Papa. “Se a
pureza e honestidade de vida, por um lado, e a fé e a ciência das Escrituras, por
outro, se configuram como condições indispensáveis para o sacerdócio universal, por
maior razão o sacerdócio ministerial exige uma conduta íntegra de vida e o acolhimento
e estudo da Palavra de Deus.
Nas saudações aos fiéis de língua espanhola
e portuguesa, o Papa recordou a viagem que empreenderá daqui a oito dias ao Brasil,
para a abertura da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, na Aparecida. Estas
as suas palavras na nossa língua:
“Sem esquecer
os demais peregrinos presentes de língua portuguesa, dirijo uma particular saudação
aos membros da paróquia São José de Cerquilho, no Estado de São Paulo, e da Família
Franciscana do Brasil, quase às vésperas da minha tão esperada Viagem Pastoral a esta
grande Nação, que, se Deus quiser, iniciarei na próxima Quarta-Feira. Além dos encontros
com a juventude latino-americana e com o Episcopado daquele Continente, espero poder
presidir a canonização do Beato Frei Antonio de Sant’Anna Galvão e inaugurar, em Aparecida,
a Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe. Vamos nos encomendar
à proteção de Nossa Senhora pelo sucesso desse evento de grande importância para toda
a América-Latina. Este significativo encontro eclesial sirva de estímulo para os discípulos
de Cristo, a fim de que acolham com fé destemida e renovada esperança as conclusões
desta Magna Assembléia. Sobre todos, desça minha Bênção!