O HOMEM NÃO TEM DIREITO ABSOLUTO SOBRE A NATUREZA, MAS UM MANDATO DE CONSERVAÇÃO:
DIZ O CARDEAL RENATO RAFFAELE MARTINO
Cidade do Vaticano, 28 abr (RV) - "A natureza não é um absoluto, mas uma riqueza
colocada nas mãos responsáveis e prudentes do homem": foi o que afirmou ontem, na
conclusão do seminário internacional sobre o tema "Mudanças climáticas e desenvolvimento",
o presidente do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz", Cardeal Renato Raffaele
Martino.
O encontro reuniu, no Vaticano, 80 estudiosos e especialistas provenientes
de 20 países dos cinco continentes. Ambientalistas, cientistas e embaixadores se confrontaram
sobre o impacto econômico, social e energético das mudanças climáticas e sobre as
responsabilidades que delas derivam, em nível nacional e internacional.
O Cardeal
Martino recordou-lhes que "o homem tem uma indiscutível superioridade sobre a criação
e, em virtude do fato de ser uma pessoa dotada de uma alma importante, não pode ser
equiparado aos outros seres viventes, e muito menos considerado elemento de distúrbio
do equilíbrio ecológico-naturalista".
Mas o homem não tem direitos absolutos
sobre a natureza _ prosseguiu o purpurado _ e sim "um mandato de conservação e desenvolvimento,
numa lógica de destinação universal dos bens da terra, que é um dos princípios fundamentais
da Doutrina Social da Igreja, princípio que, sobretudo, deve ser declinado com a opção
preferencial pelos pobres e pelo desenvolvimento dos países pobres".
O presidente
do "Justiça e Paz" criticou aquelas "formas de idolatria da natureza que perdem o
homem de vista". "A natureza é, para o homem e o homem é para Deus" _ ressaltou. "Também
na consideração dos problemas ligados às mudanças climáticas se deverá fazer tesouro
da Doutrina Social da Igreja" _ acrescentou.
O purpurado explicou que a Doutrina
Social da Igreja "não diminui nem absolutiza a natureza, nem a reduz a mero instrumento".
"A Igreja propõe uma visão realista das coisas" _ precisou o Cardeal Martino. "Ela
confia no homem e em sua capacidade sempre nova de buscar soluções para os problemas
que a história lhe apresenta. Capacidade que lhe permite refutar, muitas vezes, as
correntes infaustas e as improváveis previsões catastróficas."
O purpurado
concluiu seu pronunciamento, recordando o quanto seja importante para o homem, reconduzir-se
continuamente a seu Criador: "Quando o homem quer colocar-se no lugar de Deus _ disse
_ perde de vista também a si próprio e a sua responsabilidade de governo da natureza."
(RL)