(24/4/2007) Na Universidade de Pavia, Bento XVI exortou estudantes e professores
a participarem activamente no projecto cultural de inspiração cristã que a Igreja
promove na Itália e na Europa.
Recordando que como sugere o próprio nome
“Universitas”, cada Universidade está chamada a ser “uma comunidade de docentes e
estudantes empenhados na busca da verdade e na aquisição de elevadas competências
culturais e profissionais. Para o Papa Ratzinger – ele próprio, a seu tempo, professor
universitário – “cada Universidade deveria sempre manter a fisionomia de um Centro
de estudos à medida do homem, na qual a pessoa do estudante seja preservado do anonimato
e possa cultivar um fecundo diálogo com os docentes, tirando daí incentivo para o
seu crescimento cultural e humano”.
Partindo destes pressupostos, Bento
XVI explicitou três aplicações:
“Antes de mais, está claro que só colocando
no centro a pessoa e valorizando o diálogo e as relações interpessoais se pode superar
a fragmentação… recuperando a perspectiva unitária do saber. As disciplinas tendem
naturalmente à especialização, ao passo que a pessoa precisa de unidade e de síntese.
Em segundo lugar (observou ainda), é de fundamental importância que o empenho
da investigação científica se possa abrir à pergunta existencial de sentido para a
própria vida da pessoa. A investigação tende ao conhecimento, por sua vez a pessoa
precisa também da sapiência, isto é, daquela ciência que se exprime no “saber - viver”.
Em terceiro lugar, só valorizando a pessoa e as relações interpessoais, a relação
didáctica se pode tornar uma relação educativa. De facto, a estrutura privilegia a
comunicação, ao passo que as pessoas aspiram à partilha.”
Bento XVI concluiu
a sua intervenção na Universidade de Pavia, domingo à tarde, com uma referência a
Santo Agostinho, com - patrono da mesma (juntamente com Santa Catarina de Alexandria).
“O
percurso existencial e intelectual de Agostinho – sublinhou – testemunha a fecunda
inter - acção entre fé e cultura. É a fé em Cristo que dá pleno cumprimento à busca
de Agostinho, permitindo-lhe encontrar no Deus Amor o centro e o sentido da existência
humana, da história e de todo o universo. Ao mesmo tempo, foi o amor de Cristo que
deu forma ao seu empenho existencial: de uma vida assente na procura do sucesso mundano,
passou a uma vida totalmente doada a Cristo Jesus, único Mestre e Senhor. Que Santo
Agostinho seja para todos modelo de diálogo entre razão e fé”.