2007-04-18 13:08:20

Não existe vida cristã sem coerência; o fim do homem é tornar-se semelhante a Deus: Bento XVI na Audiência geral com um apelo á reconciliação em Angola. O Papa "espera uma autêntica vida em democracia", e recorda a obrigação de privilegiar os pobres.


(18/4/2007) Na audiência geral desta quarta feira Bento XVI repropôs a sua análise acerca do enxerto da fé cristã na filosofia clássica e grega em particular. E voltou a afirmar que o fim ultimo do homem é tornar-se semelhante a Deus.
A Audiência ,muito concorrida ( cerca de 45.000 pessoas presentes na Praça de São Pedro) efectuou-se na véspera do segundo aniversário da eleição de Bento XVI ao ministério de supremo pastor.
À contemplação de Deus chega-se através da prática da virtude, e na fé o requisito moral reveste tanta importância quanto aquela intelectual.
O Papa explicando aos fiéis a figura de Clemente Alexandrino afirmou que a “assimilação a Deus e a contemplação dele não podem ser atingidas com o único conhecimento racional: para isto são necessárias também as virtudes.
Por isso – prosseguiu Bento XVI – as boas obras devem acompanhar o conhecimento intelectual como a sombra segue o corpo; nunca estão separadas daquela, e por outro lado a verdadeira gnose não pode coexistir com as más obras. Para Clemente Alexandrino duas virtudes constituem em particular a alma do verdadeiro gnóstico: a liberdade das paixões e o amor que assegura a união intima com Deus e a contemplação
O amor – prosseguiu o Papa – dá a paz perfeita e coloca o verdadeiro gnóstico na condição de enfrentar os maiores sacrifícios, também o sacrifício supremo, e fá-lo subir de degrau em degrau até ao vértice das virtudes. Assim, o ideal ético da filosofia antiga, isto é a libertação das paixões é redefinido e conjugado por Clemente Alexandrino com o amor, no processo incessante de assimilação a Deus, que representa o itinerário de conhecimento da verdadeira gnose.

Na saudação em língua portuguesa, durante a audiência geral Bento XVI pediu que todos os angolanos se empenhem "na obra de reconciliação dos corações", admitindo que ainda são muitos os que "sangram com as feridas da guerra".
O Papa deixou votos de que Angola seja capaz de "consolidar a paz assinada há cinco anos com a promessa de dar a voz ao povo e assim instaurar uma autêntica vida em democracia". RealAudioMP3

Saúdo com amizade e gratidão o grupo de Belo Horizonte e demais peregrinos de língua portuguesa aqui presentes: Que Deus vos seja propício e Se compraza nesta vossa romagem até à Sé de Pedro. Há quatrocentos anos, o Papa Paulo V tudo predispunha para uma digna recepção da embaixada do Reino do Congo – hoje Angola – guiada pelo primo do rei Álvaro II, Dom António Emanuel ne Vunda, que as crónicas romanas cognominaram o «Negrita», o primeiro Embaixador negro de um reino cristão de África. O desejado encontro teve lugar na noite de 5 de Janeiro de 1608, nos palácios do Vaticano, com o meu Predecessor que não hesitou em vir pessoalmente confortá-lo, detendo-se à cabeceira do leito onde jazia, gravemente doente, este nobre filho cristão do Congo, cuja vida e reino encomendou à protecção do Sucessor de Pedro.
Na linha desta significativa e emblemática ocorrência, em que o povo de Angola se espelha, invoco a benevolência de Deus sobre a Nação inteira para que cada um contribua para consolidar a paz assinada há cinco anos com a promessa de dar a voz ao povo e assim instaurar uma autêntica vida em democracia. A todos peço perseverança na obra de reconciliação dos corações que ainda sangram com as feridas da guerra; alegro-me com a obra de reconstrução em acto e recordo às autoridades religiosas e civis a obrigação que têm de privilegiar os pobres. Deus abençoe Angola!








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