Milhões de iraquianos deslocados e refugiados: alerta humanitário
(18/4/2007) O Alto-Comissário da ONU para os Refugiados pediu ontem à comunidade
internacional solidariedade “urgente e significativa” para milhões de iraquianos refugiados
e deslocados vítimas do conflito no Iraque. As necessidades consideráveis dos iraquianos
e os desafios que enfrentam os países que os acolhem requerem uma acção urgente e
significativa da comunidade internacional e um partilhar de um fardo que esse acolhimento
implica, afirmou António Guterres. Na sessão de abertura da conferência de dois
dias, em Genebra, sobre a situação dos quatro milhões de refugiados e deslocados iraquianos
no Iraque e nos países vizinhos o responsável da ACNUR pediu “apoio financeiro, económico
e técnico”. “A dimensão humana do problema já não pode ser ignorada”, alertou o antigo
primeiro-ministro português. “Quase quatro milhões de pessoas estão hoje de olhos
postos em nós. As suas necessidades são tão óbvias como o imperativo moral de os ajudarmos”,
disse, avivando consciências: “Todos nós – representantes de governos, organizações
internacionais e a sociedade civil – estamos agora obrigados a agir”.Dirigindo-se
aos mais de 450 delegados de 60 países, 37 organismos internacionais e 64 organizações
não-governamentais que participam no encontro, Guterres referiu que apesar de o Iraque
ser um dos países em conflito com maior atenção da comunicação social, é também o
que menos compreensão atrai para a crise humanitária. Desde a invasão do Iraque pelas
forças internacionais lideradas pelos Estados Unidos, em 2003, e os posteriores confrontos
entre diversos grupos étnicos e religiosos, dois milhões de iraquianos abandonaram
o país para se refugiarem na Síria, Jordânia, Egipto, Irão, Líbano e Turquia.Guterres
sublinhou “a amplitude do problema por si mesmo: é o deslocamento mais importante
conhecido Médio Oriente desde os trágicos acontecimentos de 1948”.A violência sectária
causou mais 1,9 milhões de deslocados iraquianos no interior do país, tendo outros
dois milhões fugido para o exterior. Nesse contexto, referiu como “igualmente preocupante”
a situação dos palestinianos no Iraque, que tem sido “alvo dessa violência, com 600
vítimas até ao momento e mais de 15 mil pessoas sem capacidade de abandonar o país”.
“Esta conferência é apenas um primeiro passo para que esperamos que venha a ser um
diálogo sustentado e uma resposta abrangente e coordenada para a crise humanitária
no Iraque”, rematou.