2007-04-15 13:21:55

No seu octagésimo aniversário, Bento XVI dá graças a Deus pelas suas misericórdias


(15/4/2007) “As misericórdias de Deus acompanham-nos dia após dia. Basta um coração vigilante para as advertir. Embora mergulhados na fadiga do dia a dia…, se abrirmos o nosso coração poderemos experimentar continuamente como Ele é bom connosco”: o testemunho pessoal de Bento XVI, na Missa celebrada na Praça de São Pedro, neste segundo domingo de Páscoa, em que (por vontade de João Paulo II) se evoca a “divina misericórdia”, e recordando também os 80 anos que Joseph Ratzinger completa nesta segunda-feira, 16 de Abril, a dois anos da sua eleição a sucessor de Pedro.


Na homilia, o Papa começou por recordar as razões que levaram o seu antecessor a estabelecer neste domingo a “Festa da Misericórdia Divina”: na palavra “misericórdia ele via resumido e interpretado para o nosso tempo todo o mistério da Redenção”. Deus opõe-se às “potências das trevas” com “o seu poder totalmente diferente e divino: o poder da misericórdia. É a misericórdia que põe um limite ao mal. Nela se exprime a natureza tão particular de Deus – a sua santidade, o poder da verdade e do amor”.


Reconhecendo que a liturgia não deve servir para falar de si mesmo, Bento XVI observou contudo que a própria vida pode servir para anunciar a misericórdia de Deus. E deu graças pelos dons recebidos na sua existência.


Dou graças a Deus por ter podido fazer a experiência do que significa “família”; pude fazer a experiência do que quer dizer paternidade, de tal modo que a palavras sobre Deus como Pai se me tornou compreensível a partir de dentro; tendo como base a experiência humana abriu-se-me o acesso ao grande e benévolo Pai que está nos céus.
Diante d’Ele somos portadores de uma responsabilidade, mas ao mesmo tempo Ele nos dá confiança, porque na sua justiça transparece sempre a misericórdia e a bondade com que aceita também a nossa debilidade e nos sustenta, de tal modo que pouco a pouco possamos aprender a caminhar rectamente.


Bento XVI fez também questão de dar “graças a Deus por ter podido fazer a experiência profunda do que significa bondade materna, sempre aberta a quem procura refúgio e precisamente assim susceptível de dar-me a liberdade”. Mas para além da família e dos companheiros, conselheiros e amigos, o Papa quis louvar e agradecer a Deus pela graça da fé recebida e vivida na comunidade dos crentes que é a Igreja.


Dou graças especialmente por ter podido, desde o primeiro dia, entrar e crescer na comunidade dos crentes, na qual se abriu de par em par o confim entre vida e morte, entre céu e terra; dou graças (a Deus) por ter podido aprender tantas coisas beneficiando da sabedoria desta comunidade, na qual estão contidas não só as experiências humanas desde os tempos mais remotos: a sabedoria desta comunidade não é mera sapiência humana, mas nela chega até nós a própria sabedoria de Deus – a Sapiência eterna.


Evocando a sua ordenação sacerdotal, em 1951, no dia de São Pedro e São Paulo, Bento XVI recordou a importância de ter escutado, nesse momento, da boca do Bispo, no momento em que lhe era confiado o ministério da reconciliação, as palavras de Jesus ”Já não vos chamo servos, mas amigos”.


O Espírito de Jesus Cristo é potência de perdão. É potência da Misericórdia Divina. Dá a possibilidade de iniciar do princípio – sempre de novo. A amizade de Jesus Cristo é amizade daquele que faz de nós pessoas que perdoam, daquele que perdoa também a nós, nos levanta continuamente da nossa debilidade e precisamente assim nos educa, infunde em nós a consciência do dever interior do amor, do dever de corresponder à sua confiança com a nossa fidelidade.


Quase a concluir a sua homilia, o Papa recordou de novo o Evangelho deste domingo: a manifestação de Jesus ressuscitado aos apóstolos, entre os quais São Tomé, convidando-os a tocar as chagas, as feridas de Crucificado:


O Senhor levou consigo para a eternidade as suas feridas. Ele é um Deus ferido; deixou-se ferir pelo amor que nos tem. Estas suas feridas – bem as podemos nós tocar na história deste nosso tempo! E na verdade Ele continua a deixar-se gerir por nós. Que certeza da sua misericórdia e que consolação as suas feridas representam para nós! E que segurança nos dão sobre aquilo que Ele é: “Meu Senhor e meu Deus!”. E como constituem para nós um dever deixarmo-nos ferir, nós também, por Ele!








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