FILÓSOFO ESPANHOL AFIRMA QUE "BISPOS NÃO SÃO LEGISLADORES"
Cidade do México, 12 abr (RV) - O filósofo espanhol, Fernando Savater, afirmou
nesta quinta-feira, que "os bispos não são legisladores", referindo-se à controvérsia
da despenalização do aborto no México.
"A hierarquia religiosa tem direito
de estabelecer, segundo seu credo, aquilo que é pecado, mas não os delitos" _ disse
o filósofo, durante uma coletiva de imprensa na qual apresentou seu livro "A vida
eterna", sobre as imagens que se associam à imortalidade.
Savater reiterou
que os delitos devem ser estabelecidos pela lei, baseando-se numa série de considerações,
como os valores compartilhados, não empregando uma religião como cânon.
Savater
serviu de mediador na polêmica suscitada no México, pela votação no Congresso, no
próximo dia 24, da lei que garante o direito às mulheres, de abortar nos primeiros
três meses de gravidez.
A Câmara está dominada por forças de centro e de esquerda,
a favor do aborto, mas uma postura contrária é a do governo federal.
O assunto
polarizou a atenção da sociedade mexicana nos últimos dias: alguns consideram que
seja um direito da mulher, decidir sobre a maternidade, e querem evitar o grave perigo
do aborto clandestino; outros acreditam que interromper a gravidez é um crime. A hierarquia
católica se posiciona do lado destes últimos, como defensora da vida em qualquer circunstância.
Fernando
Savater recebe, nesta manhã, o doutorado "honoris causa", da Universidade Nacional
Autônoma do México (UNAM). Com ele, recebem a mesma condecoração, a escritora brasileira,
Nélida Piñón, o ex-presidente chileno, Ricardo Lagos, o politólogo italiano, Giovanni
Sartori, os cientistas mexicanos, Ricardo Miledi e Leopoldo García-Colín e a também
filósofa mexicana, Juliana González. (MZ)