Mudança nas políticas demográficas como forma de promover o desenvolvimento em todo
o mundo: uma tese defendida na ONU pelo representante da Santa Sé
(13/4/2007) O representante da Santa Sé na ONU lembrou os 40 anos da encíclica Populorum
Progressio, de Paulo VI, para defender uma mudança nas políticas demográficas como
forma de promover o desenvolvimento em todo o mundo. O Arcebispo Celestino Migliore
falava na 40ª sessão da Comissão sobre população e desenvolvimento do Conselho Económico
e Social das Nações Unidas, à volta do tema "Mudanças estruturais da idade da população
e as suas implicações para o desenvolvimento". A encíclica de Paulo VI oferece,
ainda hoje, "uma orientação segura para as políticas demográficas, promovendo uma
cultura que respeite os direitos dos membros mais fracos da família humana, especialmente
antes do nascimento e numa idade muito avançada". Para o Observador Permanente
da Santa Sé é essencial lembrar "o papel do indivíduo e da sociedade, como fulcro
político do desenvolvimento e como protagonista do seu próprio desenvolvimento". D.
Celestino Migliore chamou a atenção para o facto dos relatórios apresentados este
ano mostrarem que "a dependência da população activa está destinada a aumentar em
algumas zonas, onde o número crescente de idosos pesará de uma forma cada vez mais
relevante sobre a mesma". Nesse sentido, o representante da Santa Sé fez votos
de que os Estados se empenhem "em promover o respeito pela vida humana em todas as
suas fases, encontrando soluções justas e apropriadas, não meramente pragmáticas".
A situação em África mereceu um destaque particular na intervenção do Arcebispo
Migliore, dado que em 2050 o continente terá a menor proporção entre população activa
e população idosa no mundo. A Santa Sé acredita que este facto é "uma vantagem
sem precedentes em termos económicos, podendo contar com uma força de trabalho jovem
e numerosa. Para que a África não perca esta oportunidade é necessário que os países
"invistam no seu capital humano e nas infra-estruturas para sustentar o crescimento
económico", bem como na educação das novas gerações. Sobre o investimento na educação,
D. Migliore diz que o mesmo "pode ter um impacto notável sobre o crescimento da população",
defendendo ainda que "quando a mulher tem uma melhor educação é mais respeitada, pode
ganhar um salário (...) e tem uma maior influência sobre os assuntos familiares".
"Investir desta forma nos indivíduos, particularmente na educação, é preferível,
sem dúvida, à imposição jurídica de limites, medidas correctivas artificiais e políticas
drásticas, bem como à inaceitável prática da eliminação de fetos, sobretudo femininos,
com o fim de travar o crescimento da população", concluiu.