(11/4/2007) O vice-presidente do Irão e director do Organismo Iraniano da Energia
Atómica (OIEA), Gholam Aghazadeh, disse, que o seu país tem "tudo programado" para
instalar 50.000 centrifugadoras na central de enriquecimento de urânio de Natanz.
Segundo os especialistas na matéria, o Irão poderia - com aquele número de centrifugadoras
e dentro de dois anos - vir a produzir suficiente combustível nuclear para as suas
centrais atómicas de produção de energia eléctrica e, também, para o fabrico de ogivas
nucleares para os mísseis militares.O anúncio ocorreu no mesmo dia em que dois inspectores
da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) - organismo da ONU, com sede em
Genebra (Suíça) -, iniciaram ontem uma visita de rotina a instalações nucleares do
Irão.Parte da comunidade internacional, nomeadamente a França e o Reino Unido, já
manifestaram que não estão de acordo com as intenções do Irão e os Estados Unidos
da América (EUA) entendem que este novo "desafio" justifica a imposição de sanções.
Já a Rússia minimiza o anúncio de Gholam Aghazadeh, e afirma que não tem provas que
garantam que o Irão dispõe de tecnologia que lhe permita enriquecer urânio em escala
industrial.O braço de ferro entre o Irão e o Conselho de Segurança da ONU intensificou-se
em 24 de Março passado, com a aprovação de uma série de sanções contra Teerão. Os
15 membros do Conselho de Segurança aprovaram a Resolução 1747, que estabelece um
embargo às exportações de armas iranianas e prevê o congelamento de contas de 28 personalidades
e entidades ligadas aos programas (nuclear e balístico) suspeitos. Para se conseguir
unanimidade no Conselho de Segurança, os países ocidentais que estão envolvidos no
dossiê (Alemanha , EUA, França e Reino Unido) fizeram concessões à China e à Rússia,
dois importantes parceiros comerciais do Irão nos domínios da energia e do armamento.
Assim, Teerão poderá continuar a importar armamento, sujeito apenas à "fiscalização"
dos fornecedores. Mas Moscovo e Pequim aceitaram que fossem congeladas as contas do
Banco Sepah (instituição financeira basilar) assim como de sete membros do Estado-Maior
dos Guardas da Revolução (Pasdaran).