EM SUA MENSAGEM PASCAL, BENTO XVI ENCORAJA OS FIÉIS A DESCOBRIREM A FACE DE CRISTO
E FAZ UMA VIBRANTE INVOCAÇÃO PELA PAZ NO MUNDO
Cidade do Vaticano, 08 abr (RV) - Domingo de Páscoa! Cristo ressuscitou, Aleluia!
Eis o alegre anúncio da Igreja, hoje, aos povos do mundo inteiro. Esse anúncio ecoou
com força, na Praça São Pedro, durante a solene celebração eucarística presidida pelo
Santo Padre, esta manhã.
Milhares de fiéis, peregrinos e turistas provenientes
de diversas partes da Itália e do mundo, participaram da celebração da santa missa
da Ressurreição de Cristo. A Igreja, reunida em torno de Bento XVI, comemorou, assim,
a vitória de Cristo sobre a morte.
O balcão da Basílica Vaticana, o altar e
a Praça São Pedro pareciam um verdadeiro jardim florido, para esta ocasião de alegria
e festa: as flores e plantas _ brancas e amarelas, cores da bandeira vaticana _ que
decoravam e embelezavam a monumental Praça de Bernini, foram doadas ao papa, segundo
a tradição que remonta a 1985, pelos fiéis da Holanda.
Ao lado do altar se
destacava o ícone milagroso de Jesus Salvador, que veia a Roma no século VI-VII e,
hoje, se encontra na basílica papal romana de São João de Latrão.
Nessa atmosfera
de festa e de júbilo, os fiéis do mundo inteiro puderam seguir, através dos meios
de comunicação, a santa missa da Ressurreição, a mensagem pascal e os votos de "Feliz
Páscoa", transmitidos com a bênção "urbi et orbi" do pontífice.
O papa não
fez a homilia da celebração eucarística, mas, ao término da celebração, dirigiu sua
mensagem pascal ao mundo, do balcão da Basílica Vaticana.
"Cristo ressuscitou!
A paz esteja convosco! Hoje, celebramos o grande mistério, fundamento da fé e da esperança
cristã: Jesus de Nazaré, o Crucificado, ressuscitou dos mortos, ao terceiro dia, conforme
as Escrituras: 'Por que buscais entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está
mais aqui, ressuscitou'!" _ disse Bento XVI.
Não é difícil imaginar _ explicou
o papa _ quais seriam, naquele momento, os sentimentos daquelas mulheres que receberam
esta notícia do Anjo: sentimentos de tristeza e desconcerto pela morte do seu Senhor,
sentimentos de incredulidade e surpresa diante de um fato surpreendente demais para
ser verdadeiro.
"O túmulo, porém _ sublinhou o papa _ estava aberto e vazio:
o corpo não estava mais lá. Pedro e João, avisados pelas mulheres, correram ao sepulcro
e verificaram que as mulheres tinham razão. A fé dos Apóstolos em Jesus, o Messias
esperado, tinha sido posta a uma prova duríssima pelo escândalo da Cruz."
Durante
a prisão, condenação e morte de Jesus _ disse o pontífice _ os discípulos tinham-se
espalhado. Mas, agora, estavam novamente juntos, perplexos e desorientados. É o próprio
Ressuscitado que se fez presente entre eles, diante da sua incrédula sede de certeza.
Aquele encontro não foi um sonho, nem uma ilusão ou imaginação subjetiva,
mas uma experiência verdadeira, apesar de inesperada, e particularmente comovedora.
Então Jesus disse aos seus: "A paz esteja convosco!"
Diante de tais palavras
_ frisou o papa _ a fé, quase apagada nos seus corações, reacendeu-se. Quando, oito
dias depois da sua Ressurreição, Jesus foi, pela segunda vez ao Cenáculo, dirigiu-se
de modo especial ao incrédulo São Tomé, que fez sua profissão de fé comovedora: "Meu
Senhor, e meu Deus!"
"Meu Senhor, e meu Deus! Renovemos também nós a profissão
de fé de Tomé. Esta é a felicitação pascoal que, este ano, quis escolher, porque a
humanidade de hoje espera dos cristãos um testemunho renovado da Ressurreição de Cristo;
precisa encontrá-Lo e poder conhecê-Lo como verdadeiro Deus e verdadeiro Homem" _
frisou o papa.
Através do Apóstolo Tomé _ afirmou Bento XVI _ podemos, hoje,
entrever as dúvidas e as incertezas de tantos cristãos, os temores e as desilusões
de numerosos contemporâneos; com o Apóstolo podemos também redescobrir, com renovada
convicção, a fé em Cristo morto e ressuscitado por nós.
Essa fé, transmitida
ao longo dos séculos pelos Sucessores dos Apóstolos, continua em nossos dias, porque
o Senhor ressuscitado não morre mais. Ele vive na Igreja e a guia firmemente ao cumprimento
do seu eterno desígnio de salvação.
Alguém, entre nós, recordou o papa, poderia
ser tentado pela incredulidade de Tomé. "A dor, o mal, as injustiças, a morte, especialmente
quando envolvem inocentes - por exemplo, as crianças vítimas das guerras e do terrorismo,
- as doenças e a fome não submetem, por acaso, a nossa fé à dura prova?" _ perguntou
o pontífice.
No entanto _ disse ainda o papa _ a incredulidade de Tomé também
pode ser, paradoxalmente, útil e preciosa, porque nos ajuda a purificar toda falsa
concepção de Deus e nos leva a descobrir seu rosto autentico: o rosto de um Deus que,
em Cristo, arcou com as chagas da humanidade ferida.
A fé de São Tomé, que
estava quase morta, renasceu graças ao contato com as chagas de Cristo, com as feridas
do Ressuscitado, que ainda hoje continuam representando as penas e os sofrimentos
dos seres humanos.
"Quantas feridas, quantas dores no mundo! Não faltam calamidades
naturais e tragédias humanas, que provocam numerosas vítimas e ingentes danos materiais.
Penso no que aconteceu _ refletiu o Santo Padre _ recentemente, em Madagascar, nas
Ilhas Salomão, na América Latina e em outras regiões do mundo. Penso no flagelo da
fome, nas doenças incuráveis, no terrorismo e nos seqüestros de pessoas, nos mil rostos
da violência - às vezes justificada em nome da religião; penso no desprezo da vida,
na violação dos direitos humanos, na exploração da pessoa".
Nesse ponto, o
Santo Padre recordou, com apreensão, as condições em que se encontram tantas regiões
da África: Darfur e os países vizinhos, onde persiste uma situação humanitária catastrófica
e infelizmente menosprezada; recordou Kinshasa, na República Democrática do Congo,
onde os combates e os saqueios fazem temer pelo futuro do processo democrático congolês
e pela reconstrução do país; recordou a Somália, onde a retomada dos combates afasta
a perspectiva da paz e agrava a crise regional, especialmente no que se refere aos
deslocamentos da população e ao tráfico de armas; recordou também a grave crise que
aflige Zimbábue, para a qual os bispos do país, num recente documento, indicaram como
única via de superação, a oração e o compromisso, compartilhado pelo bem comum.
"De
reconciliação e de paz _ ressaltou o papa _ também precisa a população de Timor Leste,
que se prepara a viver importantes convocações eleitorais; de paz precisam Sri Lanka,
onde só uma solução negociada poderá pôr um ponto final no drama do conflito que o
ensangüenta, e o Afeganistão, marcado por uma crescente inquietação e instabilidade."
Bento XVI prosseguiu a lista dos países necessitados de paz, citando ainda
o Oriente Médio, esperando por sinais de esperança no diálogo entre Israel e a Autoridade
Palestina. Mas _ disse o papa _ nada de positivo, infelizmente, vem do Iraque, ensangüentado
por contínuas matanças, enquanto as populações civis fogem.
O pontífice citou
ainda o Líbano, paralisado pelas instituições políticas, que põem em perigo o papel
que o país é chamado a desempenhar na área do Oriente Médio, e hipoteca gravemente
seu futuro.
"Não posso, por fim _ acrescentou Bento XVI _ esquecer as dificuldades
que as comunidades cristãs enfrentam, diariamente, e o êxodo dos cristãos da Terra
Santa, berço da nossa fé. Àquelas populações renovo com afeto minha solidariedade
espiritual."
O Santo Padre concluiu sua mensagem de Páscoa, dizendo que, somente
através das chagas de Cristo ressuscitado, podemos ver com esperança esses males que
afligem a humanidade. Ele nos deixou a paz, a alegria e o amor, que não temem a morte.
"Irmãos e irmãs na fé, que me escutam de todas as partes da terra! Cristo
ressuscitado está vivo entre nós, Ele é a esperança de um futuro melhor. Sejamos apóstolos
da paz, mensageiros de uma alegria que não teme a dor; sejamos a alegria da Ressurreição!
Que Maria, Mãe de Cristo ressuscitado nos obtenha este dom pascoal. Feliz Páscoa a
todos!" _ foram os votos do Santo Padre.
Depois de sua mensagem pascal, o Santo
Padre passou a fazer suas felicitações pascais em 62 línguas, entre as quais o português.
Ouçamos as suas felicitações, acompanhadas da sua bênção "urbi et orbi", concedida
aos fiéis de Roma e do mundo inteiro. (MT)