2007-04-09 18:26:37

EM SUA MENSAGEM PASCAL, BENTO XVI ENCORAJA OS FIÉIS A DESCOBRIREM A FACE DE CRISTO E FAZ UMA VIBRANTE INVOCAÇÃO PELA PAZ NO MUNDO


Cidade do Vaticano, 08 abr (RV) - Domingo de Páscoa! Cristo ressuscitou, Aleluia! Eis o alegre anúncio da Igreja, hoje, aos povos do mundo inteiro. Esse anúncio ecoou com força, na Praça São Pedro, durante a solene celebração eucarística presidida pelo Santo Padre, esta manhã.

Milhares de fiéis, peregrinos e turistas provenientes de diversas partes da Itália e do mundo, participaram da celebração da santa missa da Ressurreição de Cristo. A Igreja, reunida em torno de Bento XVI, comemorou, assim, a vitória de Cristo sobre a morte.

O balcão da Basílica Vaticana, o altar e a Praça São Pedro pareciam um verdadeiro jardim florido, para esta ocasião de alegria e festa: as flores e plantas _ brancas e amarelas, cores da bandeira vaticana _ que decoravam e embelezavam a monumental Praça de Bernini, foram doadas ao papa, segundo a tradição que remonta a 1985, pelos fiéis da Holanda.

Ao lado do altar se destacava o ícone milagroso de Jesus Salvador, que veia a Roma no século VI-VII e, hoje, se encontra na basílica papal romana de São João de Latrão.

Nessa atmosfera de festa e de júbilo, os fiéis do mundo inteiro puderam seguir, através dos meios de comunicação, a santa missa da Ressurreição, a mensagem pascal e os votos de "Feliz Páscoa", transmitidos com a bênção "urbi et orbi" do pontífice.

O papa não fez a homilia da celebração eucarística, mas, ao término da celebração, dirigiu sua mensagem pascal ao mundo, do balcão da Basílica Vaticana.

"Cristo ressuscitou! A paz esteja convosco! Hoje, celebramos o grande mistério, fundamento da fé e da esperança cristã: Jesus de Nazaré, o Crucificado, ressuscitou dos mortos, ao terceiro dia, conforme as Escrituras: 'Por que buscais entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está mais aqui, ressuscitou'!" _ disse Bento XVI.

Não é difícil imaginar _ explicou o papa _ quais seriam, naquele momento, os sentimentos daquelas mulheres que receberam esta notícia do Anjo: sentimentos de tristeza e desconcerto pela morte do seu Senhor, sentimentos de incredulidade e surpresa diante de um fato surpreendente demais para ser verdadeiro.

"O túmulo, porém _ sublinhou o papa _ estava aberto e vazio: o corpo não estava mais lá. Pedro e João, avisados pelas mulheres, correram ao sepulcro e verificaram que as mulheres tinham razão. A fé dos Apóstolos em Jesus, o Messias esperado, tinha sido posta a uma prova duríssima pelo escândalo da Cruz."

Durante a prisão, condenação e morte de Jesus _ disse o pontífice _ os discípulos tinham-se espalhado. Mas, agora, estavam novamente juntos, perplexos e desorientados. É o próprio Ressuscitado que se fez presente entre eles, diante da sua incrédula sede de certeza.

Aquele encontro não foi um sonho, nem uma ilusão ou imaginação subjetiva, mas uma experiência verdadeira, apesar de inesperada, e particularmente comovedora. Então Jesus disse aos seus: "A paz esteja convosco!"

Diante de tais palavras _ frisou o papa _ a fé, quase apagada nos seus corações, reacendeu-se. Quando, oito dias depois da sua Ressurreição, Jesus foi, pela segunda vez ao Cenáculo, dirigiu-se de modo especial ao incrédulo São Tomé, que fez sua profissão de fé comovedora: "Meu Senhor, e meu Deus!"

"Meu Senhor, e meu Deus! Renovemos também nós a profissão de fé de Tomé. Esta é a felicitação pascoal que, este ano, quis escolher, porque a humanidade de hoje espera dos cristãos um testemunho renovado da Ressurreição de Cristo; precisa encontrá-Lo e poder conhecê-Lo como verdadeiro Deus e verdadeiro Homem" _ frisou o papa.

Através do Apóstolo Tomé _ afirmou Bento XVI _ podemos, hoje, entrever as dúvidas e as incertezas de tantos cristãos, os temores e as desilusões de numerosos contemporâneos; com o Apóstolo podemos também redescobrir, com renovada convicção, a fé em Cristo morto e ressuscitado por nós.

Essa fé, transmitida ao longo dos séculos pelos Sucessores dos Apóstolos, continua em nossos dias, porque o Senhor ressuscitado não morre mais. Ele vive na Igreja e a guia firmemente ao cumprimento do seu eterno desígnio de salvação.

Alguém, entre nós, recordou o papa, poderia ser tentado pela incredulidade de Tomé. "A dor, o mal, as injustiças, a morte, especialmente quando envolvem inocentes - por exemplo, as crianças vítimas das guerras e do terrorismo, - as doenças e a fome não submetem, por acaso, a nossa fé à dura prova?" _ perguntou o pontífice.

No entanto _ disse ainda o papa _ a incredulidade de Tomé também pode ser, paradoxalmente, útil e preciosa, porque nos ajuda a purificar toda falsa concepção de Deus e nos leva a descobrir seu rosto autentico: o rosto de um Deus que, em Cristo, arcou com as chagas da humanidade ferida.

A fé de São Tomé, que estava quase morta, renasceu graças ao contato com as chagas de Cristo, com as feridas do Ressuscitado, que ainda hoje continuam representando as penas e os sofrimentos dos seres humanos.

"Quantas feridas, quantas dores no mundo! Não faltam calamidades naturais e tragédias humanas, que provocam numerosas vítimas e ingentes danos materiais. Penso no que aconteceu _ refletiu o Santo Padre _ recentemente, em Madagascar, nas Ilhas Salomão, na América Latina e em outras regiões do mundo. Penso no flagelo da fome, nas doenças incuráveis, no terrorismo e nos seqüestros de pessoas, nos mil rostos da violência - às vezes justificada em nome da religião; penso no desprezo da vida, na violação dos direitos humanos, na exploração da pessoa".

Nesse ponto, o Santo Padre recordou, com apreensão, as condições em que se encontram tantas regiões da África: Darfur e os países vizinhos, onde persiste uma situação humanitária catastrófica e infelizmente menosprezada; recordou Kinshasa, na República Democrática do Congo, onde os combates e os saqueios fazem temer pelo futuro do processo democrático congolês e pela reconstrução do país; recordou a Somália, onde a retomada dos combates afasta a perspectiva da paz e agrava a crise regional, especialmente no que se refere aos deslocamentos da população e ao tráfico de armas; recordou também a grave crise que aflige Zimbábue, para a qual os bispos do país, num recente documento, indicaram como única via de superação, a oração e o compromisso, compartilhado pelo bem comum.

"De reconciliação e de paz _ ressaltou o papa _ também precisa a população de Timor Leste, que se prepara a viver importantes convocações eleitorais; de paz precisam Sri Lanka, onde só uma solução negociada poderá pôr um ponto final no drama do conflito que o ensangüenta, e o Afeganistão, marcado por uma crescente inquietação e instabilidade."

Bento XVI prosseguiu a lista dos países necessitados de paz, citando ainda o Oriente Médio, esperando por sinais de esperança no diálogo entre Israel e a Autoridade Palestina. Mas _ disse o papa _ nada de positivo, infelizmente, vem do Iraque, ensangüentado por contínuas matanças, enquanto as populações civis fogem.

O pontífice citou ainda o Líbano, paralisado pelas instituições políticas, que põem em perigo o papel que o país é chamado a desempenhar na área do Oriente Médio, e hipoteca gravemente seu futuro.

"Não posso, por fim _ acrescentou Bento XVI _ esquecer as dificuldades que as comunidades cristãs enfrentam, diariamente, e o êxodo dos cristãos da Terra Santa, berço da nossa fé. Àquelas populações renovo com afeto minha solidariedade espiritual."

O Santo Padre concluiu sua mensagem de Páscoa, dizendo que, somente através das chagas de Cristo ressuscitado, podemos ver com esperança esses males que afligem a humanidade. Ele nos deixou a paz, a alegria e o amor, que não temem a morte.

"Irmãos e irmãs na fé, que me escutam de todas as partes da terra! Cristo ressuscitado está vivo entre nós, Ele é a esperança de um futuro melhor. Sejamos apóstolos da paz, mensageiros de uma alegria que não teme a dor; sejamos a alegria da Ressurreição! Que Maria, Mãe de Cristo ressuscitado nos obtenha este dom pascoal. Feliz Páscoa a todos!" _ foram os votos do Santo Padre.

Depois de sua mensagem pascal, o Santo Padre passou a fazer suas felicitações pascais em 62 línguas, entre as quais o português. Ouçamos as suas felicitações, acompanhadas da sua bênção "urbi et orbi", concedida aos fiéis de Roma e do mundo inteiro. (MT)







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