2007-04-06 18:33:59

BENTO XVI PRESIDE À MISSA DA CEIA DO SENHOR, NA BASÍLICA DE SÃO JOÃO DE LATRÃO


Cidade do Vaticano, 05 abr (RV) - Bento XVI deixou o Vaticano por volta das 17h (hora local) com destino à basílica papal de São João de Latrão _ sede da Diocese de Roma _ onde presidiu à missa da Ceia do Senhor, com a cerimônia do Lava-pés, que abre o tríduo pascal.

A basílica de São João de Latrão estava repleta de fiéis e peregrinos. Partindo da leitura do Livro do Êxodo, que descreve a celebração da Páscoa de Israel e os seus múltiplos significados, o Santo Padre contextualizou o sentido da celebração da Páscoa para os cristãos.

"Esta ceia de múltiplos significados _ disse o Papa na homilia _ Jesus celebrou com os seus na noite antes de sua Paixão. Baseado nesse contexto (da celebração judaica) devemos compreender a nova Páscoa que Ele nos doou na Santa Eucaristia."

Bento XVI evidenciou que, na narração dos evangelistas, existe uma aparente contradição entre o Evangelho de João, por um lado, e o que é narrado nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Jesus morreu na cruz _ precisou o pontífice _ precisamente no momento em que, no templo, os cordeiros eram imolados para a Páscoa. A sua morte e o sacrifício dos cordeiros coincidem. Isso significa, porém, que Ele morreu na vigília da Páscoa e, portanto, não pôde, pessoalmente, celebrar a ceia pascal.

Segundo os Evangelhos sinóticos, ao invés, a Última Ceia de Jesus foi uma ceia pascal, em cuja forma tradicional Ele inseriu a novidade do dom de seu corpo e de seu sangue.

O Papa observou que essa contradição parecia insolúvel até alguns anos atrás. A descoberta dos escritos de Qumran nos levou a uma possível solução convincente que, embora ainda não sendo aceita por todos, possui, todavia, um alto grau de probabilidade. Hoje, podemos dizer _ acrescentou _ que aquilo que João referiu é historicamente preciso. Jesus, realmente, versou seu sangue na vigília da Páscoa na hora da imolação dos cordeiros.

Ele, porém, celebrou a Páscoa com seus discípulos, provavelmente segundo o calendário de Qumran, portanto, ao menos um dia antes, e a celebrou sem cordeiro, como a comunidade de Qumran, que não conhecia o templo de Herodes e aguardava o novo templo.

"Jesus, portanto, celebrou a Páscoa sem cordeiro _ não, não sem cordeiro: no lugar do cordeiro doou a si próprio, o seu corpo e o seu sangue. Assim, antecipou sua morte de modo coerente com sua palavra: "Ninguém tira a vida de mim mas eu a dou por mim mesmo!" (Jo 10, 18)

"No momento em que apresentava a seus discípulos o seu corpo e o seu sangue, Ele dava cumprimento real a essa afirmação. Ele mesmo ofereceu a sua vida. Somente assim a antiga Páscoa adquiria o seu verdadeiro sentido."

"O seu sangue _ continuou o papa _ o amor d'Aquele que é, ao mesmo tempo, Filho de Deus e verdadeiro homem, um de nós, aquele sangue pode salvar. O seu amor, aquele amor no qual Ele se doa livremente por nós, é aquilo que salva. O gesto nostálgico, de certo modo sem eficácia, que era a imolação do inocente e imaculado cordeiro, encontrou resposta n'Aquele que, para nós, se tornou, ao mesmo tempo, Cordeiro e Templo."

"Peçamos ao Senhor que nos ajude a compreender sempre mais profundamente esse mistério maravilhoso, a amar sempre mais esse mistério e nele amar sempre mais o próprio Senhor. Peçamos que, com a santa Comunhão, nos atraia sempre mais a Ele mesmo. Peçamos que nos ajude a não reservar para nós mesmos a nossa vida, mas a doá-la a Ele e, assim, trabalhar junto a Ele, para que os homens encontrem a vida _ a vida verdadeira que pode vir somente d'Aquele que é, Ele mesmo, o Caminho, a Verdade e a Vida." (RL)







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