2007-04-05 12:53:34

O simbolismo dos paramentos que o padre reveste nas celebrações litúrgicas ilustrado pelo Papa na Missa crismal, desta Quinta-feira Santa.


(5/4/2007) Sem amor, uma pessoa é escura por dentro. As trevas externas de que fala o Evangelho são reflexo da cegueira interna do coração. Só o amor de Deus pode tornar “cândidas as nossas vestes sujas”. Palavras de Bento XVI nesta Quinta-Feira Santa de manhã, na basílica de São Pedro, na homilia da Missa Crismal, com os cardeais, bispos e padres presentes em Roma.

Quando nos dispomos a actuar na Liturgia, “in persona Christi” (em nome, “na pessoa” de Cristo) – observou o Papa dirigindo-se à numerosa assembleia de padres e bispos – tomamos consciência de estarmos muito afastados d’Ele. Quanta sujidade na nossa vida! Só Ele nos pode dar a veste de festa, tornar-nos dignos de presidir a esta mesa, de estar ao seu serviço”:


Falando do “amor de Cristo crucificado”, Bento XVI sublinhou que “é este amor que torna cândidas as nossas vestes sujas, que torna autêntico e iluminado o nosso espírito obscurecido; que, não obstante todas as nossas trevas, nos transforma em “luz no Senhor”. Ao vestir a alva (para a celebração litúrgica) deveríamos recordar-nos: Ele sofreu também por mim. E é só porque o seu amor é maior do que todos os meus pecados que eu posso fazer as suas vezes e ser testemunha da sua luz”.

Numa homilia de elevada densidade espiritual, iniciada com uma citação do escritor russo Leão Tolstoi, Bento XVI explicou que como no baptismo nos é dada uma veste nova, uma permuta de destino, uma nova condição existencial com Cristo, assim também no sacerdócio se realiza uma mudança, uma troca. Na administração dos sacramentos o sacerdote age e fala “in persona Christi”. Nos sagrados mistérios o padre não representa a si próprio e não fala exprimindo-se a si mesmo, mas fala por Outro – por Cristo.

A Igreja torna visível, perceptível mesmo externamente, esta realidade das “novas vestes” através do gesto de nos revestirmos com os paramentos litúrgicos. Neste gesto exterior a Igreja quer tornar evidente também para nós próprios o acontecimento interior e a tarefa que nos é confiada: revestir-nos de Cristo, darmo-nos a Ele como Ele se deu a nós. Bem para além de um facto exterior, revestir os paramentos deve tornar claramente visível aos presentes que estamos ali na pessoa de um Outro.

“Agora que nos dispomos à celebração da Missa – recordou o Papa aos bispos e padres presentes – deveríamos perguntarmo-nos se revestimos a veste do amor. Peçamos ao Senhor que afaste do nosso íntimo toda e qualquer hostilidade, qualquer ideia de auto-suficiência para nos revestir verdadeiramente com a veste do amor, para sermos pessoas luminosas e não pertencentes às trevas.
É de Cristo que devemos aprender a mansidão e a humildade, a humildade de Deus que se mostra no seu ser homem – concluiu Bento XVI.








All the contents on this site are copyrighted ©.