Bispos portugueses pedem dignidade na celebração e o cuidado pelos que estão longe
da Igreja, no seu encontro com o clero durante a celebração da Missa Crismal de Quinta
Feira Santa
(5/4/2007) A exortação apostólica Sacramentum Caritatis, recentemente publicada por
Bento XVI, marcou várias das intervenções de Bispos portugueses na Missa Crismal de
Quinta-Feira Santa, que se celebrou nas dioceses do país. D. Albino Cleto, Bispo
de Coimbra e um dos representantes portugueses no Sínodo de 2005, considerou o documento
como um "guia precioso para a digna celebração da Eucaristia que tomo como fonte de
algumas considerações sobre a celebração deste 'mistério de amor', que torna presente
a Ceia de Jesus, memorial da sua Paixão, Morte e Ressurreição". Este responsável
considerou que "alguns órgãos da nossa comunicação social não entenderam o documento,
rebuscando nele apenas sinais de alteração na vida da Igreja, alteração que venha
ao encontro de gostos superficiais e facilidades da sensibilidade actual". Aos presentes
pediu que ninguém "se dispense de o ler, de modo a reavivar na sua vida espiritual
e no seu labor apostólico aquela verdade que tantas vezes enunciamos". Para o
Bispo de Viana, D. José Augusto Pedreira, a Exortação do Papa "chama a nossa atenção
para o lugar do nosso ministério ao serviço do mistério da Eucaristia". "A celebração
da Eucaristia deve merecer-nos redobrada atenção e ocupar o lugar central que lhe
compete na edificação permanente da Igreja de Cristo. De reconhecido valor no sufrágio
dos defuntos, ela deve ser sobretudo sacramento, sinal e instrumento de santificação
dos vivos, ao serviço da consagração do mundo", referiu a todos os que participavam
na celebração. Em Angra, D. António de Sousa Braga também citou o recente documento
de Bento XVI para falar do sacerdócio ministerial, cuja espiritualidade "é «intrinsecamente
eucarística»". O Bispo falou "daquelas pessoas que aparecem na Paróquia só em
determinadas ocasiões, para satisfazer usos e costumes sociais", indicando aos padres
que "em vez de invocar o fogo do céu, há que fazer festa por um só que volta ao redil".
"A paróquia não é um «clube de perfeitos». É lugar e sinal de salvação e de anúncio
do Evangelho. Não podemos reduzir o nosso ministério a uma espécie de «polícia de
trânsito»", alertou. D. Maurílio de Gouveia, Arcebispo de Évora, falou da mesma
"espiritualidade eucarística" e frisou que "na Eucaristia encontra-se o centro e a
fonte da vida sacerdotal. Só no Espírito se pode viver o mistério pascal da Morte
e ressurreição de Jesus, realizada sobre o altar". "O mesmo Espírito Santo, presente
na Celebração Eucarística, conduzirá o sacerdote à oração diante do Senhor presente
no Sacrário", acrescentou. O Bispo de Santarém espera, por seu lado, que os padres
sejam "sinais e continuadores do Senhor Jesus que acolhia os pecadores e se aproximava
com ternura dos doentes para os curar", procurando estar perto "dos caminhos das pessoas,
mesmo quando resvalam para as bermas da estrada". "O primeiro desafio e primeiro
gesto de amor pelo qual se inicia a cura, é prestar atenção aos que sofrem, frequentemente
esquecidos numa cultura que vive do espectáculo", indicou. O Arcebispo de Braga
e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, preferiu centrar
a sua homilia no tema da solidariedade, apelando a uma verdadeira identificação dos
sacerdotes "com as alegrias e tristezas do povo que nos foi confiado". "Num mundo
sem sentimentos e pouco compreensivo perante as negligências ou erros, o sacerdote
sabe estar e testemunhar uma solicitude que envolve a vida com todos os seus mistérios",
apontou.