2007-04-02 18:47:22

O "perfume" da fé, esperança e caridade de João Paulo II difundiu-se por toda a Igreja e por toda a terra


(2/4/2007) Como com o perfume usado por Maria de Betânia para ungir Jesus, assim também “o perfume” de João Paulo II “se difundiu por toda a casa”, isto é, em toda a Igreja… e chegou a todas as regiões do mundo: palavras vibrantes de Bento XVI, comentando, na Missa celebrada na Praça de São Pedro, o Evangelho da liturgia desta segunda-feira da Semana Santa.
O Papa começou por observar que com esta celebração no segundo aniversário da morte do Papa Wojtyla se deseja “antes de mais renovar a Deus a nossa acção de graças por no-lo ter dado durante 27 anos como pai e seguro guia na fé, zeloso pastor e corajoso profeta de esperança, infatigável testemunha e apaixonado servidor do amor de Deus”.
Detendo-se depois a comentar o texto do quarto Evangelho que a Igreja proclama nesta segunda-feira, Bento XVI sublinhou que este “confere um intenso clima pascal à nossa meditação: a cena de Betânia é prelúdio à morte de Jesus, no sinal da unção que Maria realizou em homenagem ao Mestre e que Ele aceitou em previsão da sua sepultura. Mas é também anúncio da ressurreição mediante a presença - em pessoa - de Lázaro, regressado à vida, testemunha eloquente do poder de Cristo sobre a morte”.
Esta passagem do Evangelho põe diante dos nossos olhos – sublinhou o Papa – “um gesto que ainda hoje fala de modo particular aos nossos corações: Maria de Betânia a altura, “tomou uma libra de perfume de nardo verdadeiro de alto preço ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhos com os cabelos. E a casa encheu-se com o cheiro do perfume”. “É um daqueles pormenores da vida de Jesus que S. João recolheu na memória do seu coração e que contêm uma inexaurível carga expressiva, (porque) fala do amor por Cristo, um amor super-abundante, pródigo. Um facto que, sintomaticamente, escandalizou Judas Iscariotes: a lógica do amor entra em conflito com a lógica do lucro”.
“Para nós, aqui reunidos na recordação do meu venerado Predecessor – observou ainda Bento XVI – o gesto da unção de Maria de Betânia está cheio de ecos e sugestões espirituais. Evoca o luminoso testemunho que João Paulo II ofereceu de um amor por Cristo sem reservas e sem cálculos”. O perfume do seu amor encheu toda a casa, isto é, toda Igreja. Disso beneficiámos, sem dúvida, nós que lhe estávamos mais próximos, e por isso damos graças a Deus, mas disso puderam usufruir também todos os que o conheceram de longe, porque o amor do Papa Wojtyla por Cristo transvazou, poderíamos dizer, para todos os cantos do mundo, tão forte e intenso era ele.
O Papa evocou, neste contexto, “a estima, o respeito e o afecto que crentes e não-crentes lhe exprimiram por ocasião da sua morte”. E recordou um comentário de Santo Agostinho, que bem se pode aplicar ao caso de João Paulo II. Observava o Santo de Hipona: “A casa encheu-se de perfume, isto é, o mundo encheu-se de boa fama. O bom odor é a boa fama… O nome do Senhor é louvado por mérito dos bons cristãos”.
É mesmo assim: o intenso e frutuoso ministério pastoral – e mais ainda o calvário da agonia e a serena morte do nosso amado Papa, deram a conhecer aos homens do nosso tempo que Jesus Cristo era verdadeira o seu tudo. Especialmente com o lento mas implacável progredir da doença, que a pouco e pouco o despojou de tudo, a sua existência tornou-se inteiramente uma oferta a Cristo, anúncio vivente da sua paixão, na esperança plena de fé na ressurreição.
“Como o seu divino Mestre – observou Bento XVI, referindo-se ao seu “amado predecessor” – ele viveu em oração a sua agonia. No último dia de vida, vigília do domingo da Divina Misericórdia, pediu que lhe lessem o Evangelho de João. Com a ajuda das pessoas que o assistiam, quis tomar parte em todas as orações quotidianas e na Liturgia das Horas, fazer a adoração e a meditação. Morreu, rezando.”


O perfume da fé, da esperança e da caridade do Papa encheu a sua casa, encheu a Praça de São Pedro, encheu a Igreja e propagou-se ao mundo inteiro. O que aconteceu depois da sua morte foi, para quem crê, efeito daquele perfume que a todos alcançou, próximos e distantes, e atraiu-os a um homem que Deus tinha progressivamente conformado com o seu Cristo”.
Bento XVI concluiu a homilia da Missa celebrada na tarde desta segunda-feira, na Praça de São Pedro, no segundo aniversário da “partida deste mundo” do seu predecessor, referindo a primeira leitura – do Livro do profeta Isaías, do primeiro canto do Servo do Senhor “Eis o Meu servo, a quem eu protejo, o Meu eleito, enlevo da Minha alma. Sobre ele fiz pousar o Meu espírito, para levar a justiça às nações…”
"Servo de Deus: foi-o ele e assim o designamos agora na Igreja, ao mesmo tempo que avança de modo expedito o seu processo de beatificação… Servo de Deus: um título particularmente apropriado ao seu caso. O Senhor chamou-o ao seu serviço no caminho do sacerdócio e foi-lhe abrindo horizontes cada vez mais amplos, da sua diocese até à Igreja universal."







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