2007-04-02 13:09:48

Cardeal Ruini evoca figura de João Paulo II, a dois anos do falecimento, encerrando o inquérito diocesano sobre a sua vida, virtudes e fama de santidade.


(2/3/2007) Há precisamente dois anos falecia, após uma dolorosa agonia, que coincidiu com as celebrações pascais daquele ano, o Papa Wojtyla, João Paulo II. Neste dia 2 de Abril, segunda-feira, às 17.30, na Praça de São Pedro, Bento XVI preside a uma celebração eucarística comemorativa. À noite, na cripta da basílica de São Pedro, junto do túmulo do Servo de Deus Karol Wojtyla, terá lugar uma vigília de oração, especialmente dedicada aos jovens, com a recitação do Terço do Rosário.
Já esta manhã, às 7.30, no altar junto do túmulo de João Paulo II, o seu fiel secretário, agora arcebispo de Cracóvia, cardeal Stanislaw Dziwisz, celebrou a Santa Missa, com bom número de fiéis.


Às 12.00, na basílica de São João de Latrão teve lugar a sessão de encerramento do inquérito diocesano sobre a vida, as virtudes e a fama de santidade do Servo de Deus João Paulo II (Karol Wojtyla). Interveio o cardeal Camilo Ruini, Vigário do Papa para a diocese de Roma, que evocou a figura do grande pontífice, propondo “uma pequena reflexão, como que uma meditação, sobre a sua figura espiritual”.
Começando pela relação pessoal de Karol Wojtyla com Deus, que constitui naturalmente o centro e cume do seu retrato pessoal. “Uma relação que aparece já forte, íntima e profunda nos anos da sua adolescência e que desde então não cessou de crescer, de fortalecer-se, produzindo frutos em todas as dimensões da sua vida”.


“Estamos aqui em presença do Mistério (considerou o cardeal Ruini): antes de mais o mistério do amor de predilecção com que Deus Pai amou este rapaz polaco, o uniu a si e o manteve nesta união, não lhe poupando as provações da vida, associando-o cada vez mais à cruz do próprio Filho, mas dando-lhe também a coragem de amar esta cruz e a inteligência espiritual para discernir através dela o próprio rosto do Pai. Foi na certeza de ser amado por Deus e na alegria de corresponder a este amor que Karol Wojtyla encontrou o sentido, a unidade e o objectivo da própria vida. Todos aqueles que o conheceram, de perto e de longe se sentiram impressionados pela riqueza da sua humanidade, da sua plena realização como homem, mas ainda mais iluminante e significativo é o facto de tal plenitude de humanidade coincidir, em última análise, com esta sua relação com Deus, noutras palavras, com a sua santidade”.


Referindo à intensa vida de oração de que sempre foi exemplo Karol Wojtyla, o cardeal Ruini as variadas e prolongadas formas que esta assumia, “o recolhimento, ou melhor, o abandono total em que ele se imergia quando rezava”, assim como “a extraordinária facilidade com que ele unia oração e trabalho, de tal modo que o próprio trabalho não era só oferecido ao Senhor, mas penetrado e atravessado pela oração”.
“A oração de Karol Wojtyla – João Paulo II, tão profunda e intimamente pessoal, era al mesmo tempo totalmente eclesial, ligada à tradição e à piedade da Igreja. Habitavam-na, de facto, as três Pessoas divinas do Pai rico em misericórdia, do Filho incarnado, crucificado e ressuscitado, do Espírito santificador e vivificante, mas também e de maneira difusa Maria, a Mãe à qual ele de facto pertenceu totalmente, ícone da Igreja e guia na peregrinação da fé (…). Habitava além disso a sua oração aquela miríade de pessoas, de todas as nações e condições, que a ele se dirigiam para obter a ajuda de Deus, a saúde física e espiritual própria e dos seus (…).”


O cardeal Ruini referiu ainda outra “componente essencial da personalidade de Karol Wotjtyla, que brotava da sua íntima relação com Deus” – a da “sua liberdade: uma extraordinária liberdade interior que se exprimia em muitas direcções. A começar… pela sua relação com os bens materiais. Foi sempre, mesmo como Papa, um homem de uma pobreza radical, concreta. Vivia pobremente, e isso de maneira espontânea, sem esforço, parecia não ter necessidade de nada, completamente desprendido do dinheiro e das coisas”. “E livre mesmo de si próprio, não procurava o sucesso ou uma sua realização autónoma”. E foi precisamente a liberdade de si próprio que o tornou tão livre em relação aos outros”.


“Aquela grande palavra “Não tenhais medo!”, com que iniciou o seu pontificado, nascia precisamente desta sua liberdade interior, alimentada pela fé e foi, no concreto da sua história, uma palavra contagiosa, que libertou mesmo a Polónia, e não só a Polónia, do medo e da sujeição política, cultural, espiritual. Aquela mesma união com Deus e liberdade interior que tornou Karol Wojtyla desprendido dos bens desta mundo, deu-lhe também uma grandíssima capacidade de os apreciar e de gozar das belezas da natureza e da arte, do calor das amizades como também das ousadias do pensamento e das fadigas e conquistas do desporto. Tudo isso contribuiu para fazer dele um homem completo e plenamente realizado. Nele, num certo sentido, se confirmou visivelmente a verdade do princípio teológico de que a graça não substitui e não destrói, mas pressupõe, purifica, aperfeiçoa e leva a cumprimento a natureza







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