BENTO XVI AOS JOVENS: ACEITAR CRISTO COMO REI SIGNIFICA ACEITAR SUA PALAVRA COMO CRITÉRIO
VÁLIDO PARA NOSSAS VIDAS
Cidade do Vaticano, 1º abr (RV) - Um morno sol e um ar de primavera incipiente
envolviam os milhares de jovens que, esta manhã, se reuniram, na Praça São Pedro,
para participar da santa missa presidida por Bento XVI, no domingo que inaugura os
eventos da Semana Santa: o Domingo de Ramos, celebração do XXII Dia Mundial da Juventude,
este ano apenas em caráter diocesano, na expectativa do grande Dia Mundial da Juventude,
que se celebrará em Sydney, Austrália, em 2008.
Em sua homilia, o papa convidou
os jovens a terem a coragem de se opor à violência e à mentira, e a não satisfazer-se
daquilo que todos pensam o fazem, mas sim a se interrogarem sobre Deus, para seguirem
Jesus, Rei da paz e da justiça, que se fez flagelar e crucificar por nós.
Numa
atmosfera de grande recolhimento, o pontífice guiou a sugestiva procissão do Domingo
de Ramos, na Praça São Pedro, até o sagrado da Basílica Vaticana, onde abençoou os
ramos de palmas e de oliveiras, trazidos pelos fiéis.
Na procissão dos ramos
_ recordou o papa _ professamos a realeza de Cristo e reconhecemos Jesus como "Rei
da paz e da justiça".
"Reconhecê-lo como Rei _ sublinhou o papa _ significa
aceitá-lo como Aquele que nos indica a vida, Aquele em quem confiamos e que seguimos.
Significa aceitar, dia após dia, a sua palavra como critério válido para a nossa vida.
Significa ver n'Ele a autoridade à qual nos submetemos. Nós nos submetemos a Ele,
porque a sua autoridade é a autoridade da verdade."
O papa nos exorta a dizer
"sim!" a Cristo, a ir com Ele, aonde quer que Ele nos levar, confiando plenamente
na sua guia. Seguir Cristo significa uma transformação interior da nossa existência.
"Trata-se
da decisão fundamental de não considerar mais a utilidade e o lucro, a carreira e
o sucesso como objetivo último da minha vida, mas sim de reconhecer, ao invés, como
critérios autênticos, a verdade e o amor. Trata-se da opção entre o viver somente
para mim mesmo ou o doar-me por algo muito maior" _ ressaltou o pontífice.
Na
liturgia do Domingo de Ramos é cantado o Salmo 24 que, também em Israel, era um canto
de procissão, usado na subida ao monte do templo. "O salmo _ disse Bento XVI _ interpreta
uma subida interior expressa com a imagem da subida exterior, que nos ilustra, uma
vez mais, o que significa subir, se elevar com Cristo. E aqueles que sobem e querem
alcançar realmente o ápice, chegar até o verdadeiro alto, devem ser pessoas que se
interrogam sobre Deus."
E a condição para subir _ recita o salmo _ é ter "mãos
inocentes e coração puro"...
"Mãos inocentes são mãos que não são usadas para
cumprir atos de violência. São mãos que não se sujam com a corrupção e com suborno
_ indicou o Santo Padre. Coração puro _ quando o coração é puro? É puro um coração
que não finge e não se mancha com a mentira e a hipocrisia. Que permanece transparente
como a água na nascente, porque não conhece a falta de sinceridade, de lealdade. É
puro um coração que não se embriaga com o prazer, um coração no qual o amor é verdadeiro
e não apenas a paixão de um momento. Mãos inocentes e coração puro: se caminharmos
com Jesus, subiremos e encontraremos as purificações que nos conduzem àquele plano
ao qual o homem é destinado: a amizade com o próprio Deus."
Na antiga liturgia
do Domingo de Ramos _ recordou o pontífice _ o sacerdote, tendo chegado diante da
igreja, batia fortemente no portão ainda fechado, com a cruz portada em procissão,
e então o portão se abria: uma bela imagem para demonstrar que Jesus, com a força
do seu amor que se doa, com a madeira da sua Cruz, bateu, neste mundo, às portas de
Deus.
"Com a Cruz, Jesus escancarou as portas de Deus, a porta entre Deus e
os homens. Agora ela está aberta! Mas também do outro lado, o Senhor bate com sua
Cruz: bate às portas do mundo, às portas dos nossos corações, que tão freqüentemente
e tão numerosos, estão fechados a Deus" _ lamentou o papa.
Que o Senhor nos
ajude a abrir as portas de nossos corações _ foi a invocação de Bento XVI _ a fim
de que Ele, o Deus vivo possa, em seu Filho, chegar a este nosso tempo e alcançar
a nossa vida.
Ao término da santa missa, o Papa saudou, em várias línguas,
os fiéis presentes, de modo particular os jovens. Eis o que disse em português: "Queridos
jovens de língua portuguesa, as vossas aclamações e hossanas a Jesus são devidas e
justas: Ele é o Deus que a todos salva. Salvou, morrendo; morreu, amando; e, amando,
ressuscitou. Hoje é visível no coração que Lhe obedece e ama como Ele amou: «Amai-vos
uns aos outros, como Eu vos amei». Prezados amigos, com o amor de Cristo que jorra
dos vossos corações, ide e abençoai a terra!" (AF)