2007-03-20 17:53:01

PRESIDENTE DO CONSELHO MUNDIAL DAS IGREJAS ADVERTE PARA OS PERIGOS DA SITUAÇÃO NO IRAQUE


Genebra, 19 mar (RV) - "A arrogância do poder triunfou sobre o bom senso. Hoje o Iraque se encontra em pleno desespero e há fortes indicações de que o país pode fragmentar-se, criando um caos ainda maior e enormes sofrimentos."

É o que afirma numa mensagem por ocasião do quarto aniversário da invasão do Iraque, o Rev. Samuel Kobia, secretário-geral do Conselho Mundial das Igrejas (CMI). Ele faz uma profunda reflexão sobre um conflito que já fez centenas de milhares de vítimas (entre 600 mil, estimadas em 2006, pela "John Hopkins Bloomberg School of Public Health", e um milhão, calculado pelo pesquisador australiano, Gideon Polya), e cerca de quatro milhões de deslocados internos e refugiados.

"Durante o conflito no Iraque, a comunidade internacional assistiu a violações persistentes dos princípios que ela mesma havia defendido firmemente, nos últimos 50 anos, sobretudo, na aplicação da lei, na proteção dos direitos humanos e no que diz respeito à Justiça.

O fato de os prisioneiros das forças da coalizão sofrerem tratamentos desumanos não é um segredo para ninguém. Estima-se que, "pelo menos um quarto deles, é inocente" _ prossegue o Rev. Samuel Kobia, ressaltando que os temores já expressos pelo CMI, em 2003, sobre o risco de uma grave crise humanitária seguida de morte e destruição, tornaram-se realidade.

"A política do "risco calculado" e a arrogância do poder triunfaram sobre a razão e o bom senso" enquanto "os apelos à moderação, lançados pelas Igrejas, pela sociedade civil e pela comunidade internacional foram ignorados" _ destaca ainda, o pastor metodista do Quênia.

Hoje _ acrescenta _ "a estratégia militar de Washington para estabilizar o Iraque não funciona, não obstante o envio de soldados suplementares". Assistem-se, todos os dias, a atentados sangrentos, ao aumento das tensões étnicas e sectárias e da ira da população contra as forças da coalizão que, somados "à fraqueza do Estado e das forças de segurança" deixam sempre mais espaço "à violência e ao aumento do extremismo".

Se as principais comunidades "não se unirem, no interesse da população, e não elaborarem um sistema federal de governo, que respeite as aspirações de cada um, a Iraque cairá no caos, na confusão e em massacres que podem se tornar ainda mais graves do que os que se verificam hoje" _ afirma o Rev. Samuel Kobia. Ele convida as Igrejas "a continuarem não só a assistir e amparar as vítimas de uma guerra desastrosa, mas também a falar em nome delas, e a duplicarem as iniciativas em favor da paz junto aos governos e as autoridades intergovernamentais".

Concluindo, o secretário-geral do CMI diz-se "encorajado pelo multiplicar-se das opiniões contra a guerra em todo o mundo, principalmente nos EUA".

O CMI reúne mais de 350 Igrejas, denominações e comunidades de uma centena de países e territórios, abrangendo um total de 550 milhões de cristãos. (PL)







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