LEONARDO BOFF DIZ QUE CENSURA A SOBRINO REANIMARÁ TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO NA AMÉRICA
LATINA
São Paulo, 16 mar (RV) - O teólogo brasileiro, Leonardo Boff, que abandonou
o ministério sacerdotal e a Ordem Franciscana após a censura da Santa Sé a seus escritos,
afirmou que a censura vaticana às obras de seu colega, o jesuíta, Pe. Jon Sobrino,
marcará o retorno da Teologia da Libertação na América Latina.
Leonardo Boff
_ junto com Sobrino, Gustavo Gutiérrez e Juan Luis Segundo, um dos mais destacados
expoentes da Teologia da Libertação, a teologia latino-americana que mudou o rosto
da Igreja no continente nas décadas passadas _ reagiu duramente contra a decisão da
Congregação para a Doutrina da Fé, que censurou algumas obras do teólogo espanhol,
que vive em El Salvador.
Em declarações à AFP, Leonardo Boff assinalou que
Sobrino "é um dos teólogos mais sérios e mais evangélicos, um dos teólogos pessoalmente
mais santos que temos. Por isso, a condenação contra ele tem uma gravidade especial".
"Creio
que uma condenação assim, defrauda muito os pobres, porque Jon Sobrino foi sempre
um aliado dos pobres. A Igreja pode decepcionar os ricos, mas não pode trair os pobres"
_ disse Boff, que se encontra na capital costa-riquenha, para a aula inaugural na
Universidade Estatal da Costa Rica.
Leonardo Boff assegurou que "a Teologia
da Libertação continua viva na América Latina, Ásia e África, embora a polêmica ao
redor de seus postulados tenha diminuído nos últimos tempos". "Os teólogos da libertação
continuam trabalhando" _ acrescentou, advertindo que a censura às obras de Sobrino
"pode alentar os ânimos daqueles cristãos" seguidores da Teologia da Libertação.
O
ex-franciscano recordou ainda, que a decisão da Santa Sé, aprovada por Bento XVI,
foi tomada poucos meses antes da primeira visita do pontífice à América Latina, para
inaugurar a V Assembléia Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, que se
realizará no Brasil, de 13 a 31 de maio. (MZ)