2007-03-14 16:09:32

Proposições perigosas na teologia do Padre Jon Sobrino, notificadas pela Congregação para a Doutrina da Fé


(14/3/2007) Tendo encontrado "diversas proposições erróneas ou perigosas que podem causar dano aos fiéis", a Congregação para a Doutrina da Fé notificou este facto ao padre e teólogo Jon Sobrino. Após uma análise das obras - «Jesus Liberador. Lectura histórico-teológica de Jesús de Nazaret» e «La fe en Jesucristo. Ensayo desde las víctimas» - o documento realça que "dada a ampla divulgação desses escritos e a utilização dos mesmos em seminários e outros centros de estudo, sobretudo da América Latina, a Congregação achou por bem aplicar a esse estudo o «procedimento urgente» previstos nos artigos 23-27 da Agendi Ratio in Doctrinarum Examine".
As posições defendidas pelo teólogo jesuíta contêm "graves deficiências tanto de ordem metodológica como de conteúdo". Na ordem metodológica - realça o documento - encontra-se a afirmação, segundo a qual, "a Igreja dos pobres é o lugar eclesial da cristologia e oferece a direcção fundamental da mesma". Sobre tal afirmação, a Congregação para a Doutrina da Fé esclarece que "só a fé apostólica que a Igreja transmite a todas as gerações é o único «lugar eclesial» válido da cristologia". Em relação ao Novo Testamento (NT), o Pe. Sobrino tende "a diminuir o valor normativo das afirmações do NT" e "dos grandes concílios da Igreja Antiga".
Tais erros de índole metodológica levam a conclusões "não conformes" com a fé da Igreja em pontos centrais: "a divindade de Jesus Cristo, a encarnação do Filho de Deus, a relação de Jesus com o Reino de Deus, a sua auto-consciência, o valor salvífico da sua morte" - salienta a nota explicativa da notificação.
Passos da discórdia
No mês de Julho de 2004 e depois de analisados os livros, a Congregação enviou ao autor, através do Superior Geral da Companhia de Jesus - Pe. Peter Hans Kolvenbach -, uma série de "proposições erróneas" encontradas nas obras.
No ano seguinte - Março de 2005 - a Congregação Vaticana recebe uma resposta do autor que foi examinada na sessão ordinária de Novembro. O autor mitigou, nalguns pontos o pensamento, mas a "resposta não satisfez" - realça a notificação. Apesar de compreender a preocupação do autor para com os pobres, a Congregação para a Doutrina da Fé sente necessidade de apresentar "as divergências com a fé da Igreja" - afirma o documento.
Os concílios não foram uma helenização do cristianismo
A Congregação para a Doutrina da Fé ficou também surpreendida como o Pe. Sobrino trata os grandes concílios da Igreja antiga que, "no seu entender, ter-se-iam afastado progressivamente dos conteúdos do Novo Testamento". O processo dogmático dos primeiros séculos da Igreja - incluindo os grandes concílios - é considerado pelo Pe. Sobrino como "ambíguo e até negativo".
Perante estas afirmações, a notificação salienta que "a Igreja continua a professar o Credo que vem dos Concílios de Niceia (ano 325) e Constantinopolitano I (ano de 381).". E acrescenta: "os concílios não foram uma helenização do cristianismo mas precisamente o contrário".
Divindade de Jesus Cristo
Para o Pe. Sobrino, no Novo Testamento não se afirma "claramente a divindade de Jesus, mas apenas se estabelecem os seus pressupostos". Sustentar que em Jo,20,28 se afirma que "Jesus é «de Deus» é um erro evidente, uma vez que, na mesma passagem, é chamado «Senhor» e «Deus»" - afirma a notificação datada de 26 de Novembro de 2006.








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