RELATÓRIO DA ONU FALA DA FORTE PRESENÇA DAS MENINAS-SOLDADO
Nova York, 10 mar (RV) - A cada dia que passa, a guerra vai roubando a infância
de milhares e milhares de menores, como se constata com a chaga das crianças-soldado.
Esse foi um aspecto _ quase sempre esquecido pela opinião pública _ ressaltado
pelas Nações Unidas, num recente estudo sobre a situação dessas crianças.
O
estudo revela que, a cada três crianças-soldado, uma é menina. Filippo Ungaro, responsável
pela organização de defesa dos direitos das crianças, "Save the children", explica
a participação das meninas nos grupos armados:
Filippo Ungaro:- "Geralmente,
quando se pensa nas crianças-soldado, a idéia é que são todos meninos. Na realidade,
há uma consistente faixa de menores envolvidos nos exércitos, nos grupos armados,
formada por meninas. Isso porque, freqüentemente, as meninas não são consideradas
como verdadeiros e próprios soldados. Elas desempenham papéis variados, no âmbito
dos exércitos e grupos armados, entre eles o de "mulher", ou seja, de escravas sexuais
dos soldados. Com muita freqüência também, essas meninas empunham armas, para participar
dos combates."
Segundo Ungaro, quase sempre as meninas permanecem como propriedade
dos combatentes e não podem voltar para casa. Além do fato de sofrerem violências
e assistirem a atrocidades, elas quase nunca participam dos programas de desmobilização.
E quando conseguem participar, quase sempre retornam com alguma doença contraída sexualmente
ou então com filhos nos braços, coisa que as comunidades de origem consideram um "mal".
Esse
é um flagelo que deveria provocar indignação, porém, a comunidade internacional pouco
faz para acabar com ele. O responsável pela "Save the children" afirma que seria necessário
descobrir uma forma de mediação cultural com as comunidades de origem das meninas,
para compreender que elas, na verdade, são vítimas. "Elas deveriam receber cursos
de formação profissional, ser inseridas no sistema escolar, enfim, seria necessário
predispor toda uma série de atividades que ainda não existes" _ alerta Ungaro. (AL)