2007-03-09 19:28:19

CATEDRAL DE PRAGA RETORNA À PROPRIEDADE DO ESTADO


Praga, 08 mar (RV) - A Catedral de São Vito, símbolo religioso da nação mais laica da Europa _ a República Tcheca _ passará a pertencer novamente ao Estado.

A decisão, tomada em janeiro pela Suprema Corte do país, que anulou todas as sentenças precedentes, não agradou ao cardeal-arcebispo de Praga, Miloslav Vlk, que esperava resolver a questão de outra forma, antes de deixar o cargo, em abril próximo. A entrega simbólica das chaves da catedral ao Gabinete presidencial estava prevista para esta segunda-feira, mas as autoridades episcopais se recusaram a proceder antes de uma reunião, na sexta-feira, com representantes do Estado.

O debate em torno da catedral já dura 14 anos e terminará, provavelmente, perante o Tribunal de Direitos Humanos de Estrasburgo, França. A disputa pela catedral é conseqüência das relações conturbadas entre a Igreja Católica e o Estado na República Tcheca, mal resolvidas desde a democratização do país, em 1989.

"Estamos amargurados que o destino da catedral seja decidido por juízes ex-comunistas" _ comentou o Cardeal Vlk, em fins de janeiro, comentando a decisão da Corte e aludindo à presença, nos tribunais tchecos, de pessoas ligadas ao passado regime comunista, que não reconhecem o direito da Igreja a essa propriedade.

A disputa pela catedral, obra-prima da arquitetura gótica, visitada anualmente por centenas de milhares de turistas, é apenas a ponta do iceberg, no debate sobre o financiamento às Igrejas e sobre a restituição de bens tomados pelos comunistas, nos anos 1950.

Em fevereiro de 1948, quando ocorreu o golpe de Estado comunista, a Igreja possuía 46 mil hectares de terrenos agrícolas, 177 mil hectares de bosques e mais 3 mil hectares de lotes construídos. Todos os bens foram desapropriados, "em nome do povo da Tchecoslováquia". No processo para a devolução das propriedades, iniciado nos anos 1990, apenas uma pequena parte dos imóveis desapropriados foi devolvida. Em 2000, a Igreja dizia ter direito a propriedades no valor de 4 bilhões de euros. O acordo entre o Estado e a Igreja, que não foi ratificado nem pelo presidente Václav Haus nem pelo Parlamento, está congelado desde 2003.

A República Tcheca é considerada hoje, o país com o maior número de ateus na Europa: dos 10,2 milhões de habitantes, 60% dizem não praticar nenhuma religião. Apenas 30% dizem ter alguma fé, mas esta percentagem está em diminuição. (CM)







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