Dia Internacional da Mulher: associações católicas lembram as dificuldades maternas
e profissionais que ainda existem
(8/3/2007) No contexto do Dia Internacional da Mulher, celebrado hoje, diversos sectores
eclesiais manifestaram nestes dias a sua visão sobre a situação da mulher. As mulheres
trabalhadoras cristãs da Acção Católica (AC) expressam que se sentem “ofendidas perante
a falta de respeito que se está a gerar desde um sector da sociedade para com os nossos
símbolos e costumes religiosos, que fazem parte de nosso património cultural e espiritual”.
De forma paralela, as mulheres da AC valorizaram “os avanços que se vão produzindo
no reconhecimento dos valores e dignidade da mulher”, onde se encontra “a criação
de leis que defendem a mulher face à violência que sofrem por parte de alguns de seus
parceiros”. Desta forma, consideram positivo que algumas empresas comecem “a prolongar
mais o período licença de maternidade” e a gratificá-lo economicamente. Também observam
que “cada dia é mais valioso o papel educador da mulher como pilar da família”. Contudo,
as mulheres acreditam que persistem alguns problemas por resolver, como “a incompatibilidade
do horário de trabalho e o escolar” que se traduz numa “má atenção aos filhos” ou
“as faltas de ajudas económicas para incentivar a maternidade e o crescimento demográfico”.
Finalmente, pedem “a criação de leis que favoreçam e facilitem unir a vida familiar
ao trabalho” e “uma educação para nossos filhos baseada em valores e que respeite
as crenças”. Por outro lado, a Organização Mãos Unidas também se pronunciou por
ocasião do Dia Internacional da Mulher, para denunciar que “70% do 1,2 bilhão de pessoas
que vivem no mundo em situação extrema de pobreza, são mulheres”. Mãos Unidas
recorda que «a separação dos sexos aumenta fortemente na maioria das nações em desenvolvimento
e afecta todos os campos da vida diária». Esta ONG católica, que através dos seus
projectos educativos presta especial atenção à mulher, entende que “a luta contra
a desigualdade deve começar na idade jovem, na família e na escola, e que privar as
meninas da educação põe em risco as possibilidades de desenvolvimento, porque o analfabetismo
das mulheres e a falta de educação prejudicam directamente os filhos, e com eles a
família, as comunidades e a sociedade em geral”. Santa Sé denuncia violência Também
o Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, em Nova Iorque, lançou um
apelo à comunidade internacional, para que reforce o seu empenho no combate à “praga”
da violência contra as mulheres. “Num tempo em que a sensibilidade para os assuntos
da mulher parece mais forte do que nunca, o mundo vê-se obrigado a confrontar-se com
novas formas de violência e escravidão dirigidas em especial às mulheres”, alertou.
Em declarações à Rádio Vaticano, o Arcebispo Migliore admite que, hoje em dia,
o princípio de igualdade entre homens e mulheres “é quase universalmente reconhecido”,
mas não esquece “as novas ameaças que se apresentam à vida e à dignidade das mulheres”.
“É particularmente inaceitável que, numa época em que cresceu a consideração por
todas as questões relativas à mulher, ganhem espaço novas formas de violência e escravidão”,
sublinhou. Perante esta situação, o Núncio na ONU defende uma aposta séria na
“educação” das novas gerações femininas, bem como mecanismos de implementação e controlo
dos Direitos Humanos. Segundo este responsável, os mecanismos próprios dos direitos
humanos “apenas serão eficazes se forem inseridos numa obra de sensibilização e de
educação para os valores da feminilidade”. O tema do Dia Internacional da Mulher
de 2007 é, por decisão da ONU, “pôr fim à impunidade da violência contra as mulheres
e as crianças”.