"César não é tudo." "Também a verdade da fé tem direito a ser escutada": Bento XVI na Audiência geral

(7/3/2007) “César não é tudo”, os cristãos devem obedecer a uma “outra soberania, cuja origem e essência não são deste mundo, mas lá de cima”; “também a verdade da fé tem, perante o Estado, direito a ser escutada”: observações de Bento XVI na audiência geral desta quarta-feira, na Sala Paulo VI, a propósito de uma passagem da Carta aos Coríntios de um dos chamados “Padres Apostólicos”, São Clemente, terceiro sucessor de Pedro como bispo de Roma, no século I. Um texto que – observou o Papa – “tem guiado ao longo dos séculos a atitude dos cristãos perante a política e o Estado”.
“Clemente reconhece a legitimidade das instituições políticas na ordem estabelecida por Deus; ao mesmo tempo, manifesta a preocupação de que as autoridades sejam dóceis a Deus e exerçam na paz e com a mansidão e “pietas” o poder que Deus lhes deu”.
Esta a saudação do Papa em língua portuguesa:
Amados peregrinos de língua portuguesa, uma cordial saudação para todos, nomeadamente para o grupo referido de Portugal. Possa cada um de vós viver estes dias de peregrinação, em plena Quaresma, como um generoso caminho de conversão à santidade que vos pede e quer dar o Deus Santo! As suas bênçãos desçam abundantes sobre vós e vossas famílias!
Num primeiro momento, antes da audiência geral na Sala Paulo VI, Bento XVI teve um primeiro encontro, na basílica de São Pedro, com fiéis das dioceses do Piemonte e Vale d’Aosta, vindos a Roma em peregrinação e acompanhados pelos respectivos bispos, que nestes dias estão a realizar a sua quinquenal visita ad limina Apostolorum, ao Papa e à Cúria Romana. Dirigindo-se de maneira geral a todos os peregrinos, o Papa recordou que “a fé cristã se confronta… com muitos desafios devidos, no actual contexto socio-cultural, às tendências agnósticas presentes no campo doutrinal, como também às pretensões de plena autonomia ética e moral”.


“Não é de facto fácil anunciar e testemunhar hoje o Evangelho. Todavia permanece no povo um sólido substrato espiritual, que se manifesta nomeadamente na atenção às exigências da vida cristã, na íntima necessidade de Deus, na redescoberta do valor da oração, na estima em relação ao padre zeloso e ao seu ministério. Adverte-se também, da parte dos leigos e de grupos de empenho apostólico, uma exigência mais profunda de tensão para a santidade, medida da vida cristã” .


Finalmente, dirigindo-se especialmente aos bispos piemonteses, o Papa exortou-os a “edificarem a Igreja na caridade e na verdade”:


“Perante as dificuldades que por vezes encontram as comunidades eclesiais confiadas aos vossos cuidados, exorto-vos a prosseguir corajosamente a ajudá-las a seguirem com fidelidade o Senhor, valorizando as suas potencialidades espirituais e os carismas de cada um”