A segunda catequese quaresmal do Patriarca de Lisboa:" a busca da verdade leva á
liberdade "
(6/3/2007) Para aprofundar e solidificar as razões da fé, o homem tem de ser peregrino
incansável da verdade, procurá-la todos os dias da sua vida. “Procurar a verdade é
buscar a luz sobre a realidade do homem para encontrar segurança e firmeza na vida”,
sublinha D. José Policarpo. Na segunda catequese quaresmal sob o título “O homem,
peregrino da verdade”, D. José Policarpo afirma que a verdade é o sentido profundo
da realidade do homem e de todos os seres que com ele convive e “desvendar o sentido
profundo da realidade e encontrar na fé, abandono confiante a alguém, a segurança
que procuramos, ajudam-nos a situar os dinamismos da busca da verdade”. O Homem
procura respostas para as questões primordiais: origem e destino, a vida e a morte,
a liberdade e a felicidade. “Deixar de procurar essas respostas é desistir da vida”,
sublinha D. José Policarpo, porque nas profundezas do seu coração, “permanece sempre
a nostalgia da verdade absoluta e a sede de chegar à plenitude do seu conhecimento”.
Prova desta busca é “a incansável pesquisa do homem em todas as áreas e sectores”.
A Igreja está atenta à realidade humana, “não se assusta com os problemas e interrogações,
partilha as angústias e as alegrias, ousa discernir no âmago dessa realidade sinais”,
refere. A inteligência racional, que o distingue de todos os outros seres criados
e o torna semelhante a Deus é o “primeiro e mais nobre dinamismo humano para a busca
da verdade”. A inteligência racional “pode conduzir o homem até à dimensão transcendente
da verdade e ao próprio Deus”. “Há os que excluem qualquer verdade revelada, só
admitindo a verdade a que a razão humana pode chegar, admitindo um Deus da razão e
uma religião racional. Outros foram mais longe e negaram qualquer dimensão transcendente
da verdade”, analisa D. José Policarpo. “No nosso tempo, com a crise da Filosofia,
e o triunfo das ciências exactas, esta situação agravou-se, caindo-se no horizonte
limitado da razão pragmática, incapaz dos grandes voos na busca da verdade e da compreensão
da realidade”, sublinha. Outro dinamismo humano na busca da verdade é a atracção
pela beleza e a capacidade de contemplar o que é belo. A experiência do amor é outra
forma de procurar a verdade. “Todo o amor é fonte de conhecimento da pessoa amada
e de auto-conhecimento na experiência do dom e do encontro”. A cultura contemporânea
exalta “mais a liberdade do que a verdade”, aponta o Cardeal Patriarca. “Se se absolutiza
a liberdade individual, cai-se numa visão subjectiva da verdade, em que cada um inventa
a sua própria verdade, o que levará, inevitavelmente, à relativização da própria verdade”.
“Para aprofundar as razões do nosso acreditar, é preciso nunca desistir desta
caminhada para a verdade”, finaliza D. José Policarpo. “Empenhemos nessa busca
toda a nossa capacidade de verdade: a nossa inteligência, a atracção pela beleza e
pelo amor e aceitemos humildemente que só a verdade iluminará a nossa liberdade. Esta
é a exigência da formação cristã”.