BISPOS MEXICANOS NÃO QUEREM INGERÊNCIA DO ESTADO NAS DECISÕES SOBRE A SUSPENSÃO DE
SACERDOTES
Cidade do Vaticano, 28 fev (RV) - Decidir se um membro do clero, acusado de
abusos sexuais contra menores, deve ser suspenso do ministério sacerdotal compete
às autoridades eclesiásticas, afirmaram os bispos mexicanos, num comunicado oficial,
publicado um dia após a aprovação da reforma do Código Penal.
Os bispos apontam
um evidente conflito entre a nova normativa e aquela existente até o momento, sobre
as associações religiosas e sobre o culto público, que proíbe expressamente a intervenção
das autoridades institucionais nas questões que se referem a grupos religiosos.
Na
reforma do CP, o governo sublinha a importância de "defender as crianças, particularmente
aquelas que são vítimas de abusos e de seqüestros pelas redes de prostituição infantil",
e precisa que, "se os que cometem tais delitos são ministros do culto, eles mesmos
deverão responder perante as autoridades, porque seu status não lhes concede nenhum
privilégio".
"Mas _ comentam os bispos mexicanos _ a suspensão do ministério
sacerdotal é uma questão que se refere única e exclusivamente à instituição à qual
o sacerdote pertence. No nosso caso, uma vez constatada a responsabilidade, partirá
a suspensão. Depois disso, será feito um processo interno, que poderá culminar com
o afastamento definitivo."
O desejo dos bispos mexicanos é que as leis "sejam
claras e não apresentem imprecisões" para poder "caminhar juntos, com passo firme,
na busca de uma sociedade mais justa".
Com tais premissas, "todas as decisões
em matéria de Justiça, voltadas a condenar as graves ofensas contra os menores, serão
bem acolhidas". "São delitos contra a humanidade _ concluem os bispos _ e, como tais,
devem ser punidos." (MZ)