Papa apela a uma consciência verdadeira e recta, correspondente ao desejo de verdade
e liberdade autênticas
(24/2/2007) A importância de uma consciência verdadeira e recta, que corresponda
ao desejo de verdade e liberdade autênticas – foi sublinhado pelo Papa dirigindo-se,
neste sábado, aos participantes na assembleia plenária da Pontifícia Academia para
a Vida, sobre “A consciência cristã em apoio do direito à vida”.
Comentando
este tema, Bento XVI começou por observar que “a consciência cristã tem uma necessidade
interna de se alimentar e reforçar com as múltiplas e profundas motivações que militam
a favor do direito à vida”. E aqui o Papa citou a Encíclica “Evangelium vitae”, de
João Paulo II:
“Embora no meio de dificuldades e incertezas, cada homem sinceramente
aberto à verdade e ao bem pode, com a luz da razão e não sem o secreto influxo da
graça, chegar a reconhecer na lei natural escrita no coração o valor sagrado da vida
humana… É sobre o reconhecimento deste direito que se fundamenta a convivência humana
e a própria comunidade política”.
Hoje em dia – observou Bento XVI – “o cristão
está continuamente chamado a mobilizar-se perante os múltiplos ataques a que está
exposto o direito à vida”.
“São cada vez mais fortes as pressões para a legalização
do aborto nos países da América Latina e nos países em vias de desenvolvimento, mesmo
com o recurso à liberalização das novas formas de aborto químico, a pretexto da saúde
reprodutiva: incrementam-se as políticas de controlo demográfico, não obstante actualmente
estas sejam já reconhecidas como perniciosas, mesma do ponto de vista económico e
social. Ao mesmo tempo, nos países desenvolvidos cresce o interesse pela mais
refinada investigação biotecnológica, para instaurar subtis e amplos procedimentos
metodológicos de eugenismo, até à busca obsessiva do ‘filho perfeito’, com a difusão
da procriação artificial e de várias formas de diagnóstico visando assegurar a respectiva
selecção. Uma nova vaga de eugenética discriminatória encontra consensos em nome do
alegado bem-estar dos indivíduos e, especialmente no mundo economicamente avançado,
promovem-se leis para legalizar a eutanásia. “
“Por tudo isto, é cada vez
mais necessário o apelo à consciência e, em particular, à consciência cristã. Como
diz o Catecismo da Igreja católica, a consciência é um juízo da razão, mediante o
qual a pessoa humana reconhece a qualidade moral de um acto concreto que está para
realizar, está realizando ou realizou já. Em tudo o que diz e faz, o homem tem o dever
de seguir o que sabe ser justo e recto”. Para ser capaz de guiar rectamente a conduta
humana, a consciência deve basear-se antes de mais no sólido fundamento da verdade,
para distinguir o bem do mal, mesmo onde o ambiente social, o pluralismo cultural
e os interesses sobrepostos não ajudem nesse sentido.
O Papa advertiu
que é “uma empresa difícil e delicada, mas imprescindível”, “a formação de uma consciência
‘verdadeira’ (assente na verdade), e ‘recta’ - determinada a seguir os seus ditames,
sem contradições, sem traições e sem compromissos”. “Há que reeducar ao desejo do
conhecimento da autêntica verdade, à defesa da própria liberdade de escolha perante
os comportamentos de massa e às adulações da propaganda, para alimentar a paixão da
beleza moral e da clareza da consciência”.