BISPO DE BARRA VOLTA A PROTESTAR CONTRA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO
Barra, 20 fev (RV) - O bispo de Barra, Bahia, Dom Luiz Flávio Cappio, anunciou,
nesta segunda-feira de carnaval, que pretende retomar os protestos contra a obra de
transposição das águas do rio São Francisco. O presidente Lula está decidido a realizar
a obra, mesmo com as resistências encontradas nesse setor da Igreja Católica baiana.
Na
quinta-feira, após o Carnaval, Dom Cappio vai protocolar, no Palácio do Planalto,
uma carta na qual pede a reabertura do diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, sobre a obra, e critica o Ministério da Integração Nacional, responsável pelo
projeto. O documento deve ser um novo obstáculo às pretensões do governo, de publicar,
após o Carnaval, os editais de licitação, para dar início às obras, uma das metas
de Lula para o segundo mandato.
Em 2005, Dom Cappio fez greve de fome durante
10 dias (de 26 de setembro a 6 de outubro) contra a transposição. O bispo disse que
levaria o gesto até à morte, se necessário. A greve obrigou o governo federal a dialogar,
e o então ministro das Relações Institucionais (hoje governador da Bahia), Jaques
Wagner (PT), pediu pessoalmente a Dom Luiz Flávio Cappio, que encerrasse o protesto,
sob o argumento de que o presidente estava disposto a ouvi-lo. Dois meses depois,
Lula recebeu o bispo, no Palácio do Planalto.
O governo, contudo, deu andamento
ao projeto, apesar do aceno ao bispo. Dom Luiz Flávio Cappio ficou irritado, afirmando
que Lula "se tornou refém do capital, foi seqüestrado e hoje é um instrumento do capital
internacional". "Que ele volte a olhar para o povo" _ disse.
O principal alvo
da carta do bispo será o Ministério da Integração Nacional, que coordena as obras,
orçadas inicialmente em 4 bilhões e 500 milhões de reais. Dom Cappio confia em que
Lula respeite o pacto que fez com ele, pelo encerramento de seu jejum, quando se comprometeu
a negociar os termos do projeto. (MZ)