BENTO XVI RESSALTA NECESSIDADE DE REDESCOBRIR E REPROPOR O SACRAMENTO DA CONFISSÃO
Cidade do Vaticano, 19 fev (RV) - Nesta nossa época, marcada por tantos desafios
religiosos e sociais, é necessário redescobrir e repropor o sacramento da penitência:
foi o que enfatizou Bento XVI, em seu discurso aos penitencieiros das quatro basílicas
papais (antes chamadas "basílicas patriarcais") de Roma, recebidos em audiência esta
manhã.
O papa exortou os confessores das basílicas de São João de Latrão, São
Pedro, São Paulo "Fora dos Muros" e Santa Maria Maior a radicarem em suas vidas a
mensagem de salvação da qual são portadores como sacerdotes escolhidos por Cristo.
A
saudação ao Santo Padre foi feita pelo Penitencieiro-mor, Cardeal James Francis Stafford.
O
confessor é mediador de um maravilhoso evento de graça: o renascimento espiritual
_ fruto da misericórdia divina _ que transforma o penitente numa nova criatura. É
um milagre que somente Deus pode fazer, mediante as palavras e os gestos do sacerdote:
a absolvição pronunciada em nome e por conta da Igreja.
Bento XVI deteve-se
sobre o significado do ministério dos penitencieiros, precisando que na confissão
o sacerdote obedece, com dócil adesão, ao magistério da Igreja: "Ele se faz ministro
da consoladora misericórdia de Deus, evidencia a realidade do pecado e manifesta,
ao mesmo tempo, a desmedida potência renovadora do amor divino, amor que devolve a
vida."
Um amor que muitos buscam e que se pode experimentar justamente no sacramento
da penitência _ acrescentou o papa: "Quantas pessoas em dificuldades buscam o conforto
e a consolação em Cristo! Quantos penitentes encontram na confissão, a paz e a alegria
que buscavam há tempos! Como não reconhecer que também nesta nossa época, marcada
por tantos desafios religiosos e sociais, deve ser redescoberto e reproposto esse
sacramento?"
Ao administrar o sacramento da penitência _ disse ainda o Santo
Padre _ "o confessor não é um expectador passivo", "mas... instrumento ativo da misericórdia
divina"; é chamado a ser "pai", "juiz espiritual", "mestre" e "educador".
"Portanto
_ salientou o papa _ é necessário que ele una a uma boa sensibilidade espiritual e
pastoral, uma séria preparação teológica, moral e pedagógica, que o torne capaz de
compreender a vivência da pessoa. É muito útil ao confessor, conhecer os âmbitos sociais,
culturais e profissionais daqueles que acorrem ao confessionário, para poder oferecer
conselhos idôneos e orientações espirituais e práticas."
Ressaltando, em particular,
o caráter espiritual do ministério do confessional e, indicando seus traços, Bento
XVI explicou: "Portanto, é necessário unir à sabedoria humana e à preparação teológica,
uma profunda veia espiritual, alimentada pelo contato orante com Cristo, Mestre e
Redentor."
No "serviço peculiar" que o confessor desempenha "em virtude da
ordenação presbiteral" _ precisou o papa _ os "dons humanos", "seguramente inadequados",
são reforçados pela graça na "humilde e fiel adesão aos desígnios salvíficos de Cristo".
Adesão que necessita porém de uma predisposição interior.
"Para cumprir tal
tarefa, devemos, em primeiro lugar, radicar em nós mesmos, essa mensagem de salvação,
e deixar que nos transforme profundamente. Não podemos pregar o perdão e a reconciliação
aos outros, se não somos pessoalmente penetrados por eles. Cristo nos escolheu, caros
sacerdotes, para sermos os únicos a poder perdoar os pecados em Seu nome: trata-se
então, de um específico serviço eclesial ao qual devemos dar a prioridade." (RL)