A conversão quaresmal: tema da audiência geral. Bento XVI salienta que a auto-realização
é uma contradição para o homem
(21/2/2007) Nesta quarta-feira de Cinzas, foi naturalmente a Quaresma o tema da catequese
de Bento XVI na audiência geral. O Papa recordou a conversão interior a que é chamado
o cristão, neste tempo quaresmal, para encontrar Cristo e experimentar a verdadeira
alegria. A este propósito, o Santo Padre referiu os limites e contradições da “auto-realização”
que tantos concebem como um ideal para a vida. A contradição – observou – é devida
ao facto de que “o ser humano não é o arquitecto do seu próprio destino”. Na perspectiva
cristã, limitar-se à auto-realização “é demasiado pouco, dado que temos um destino
mais alto”: “procurar a Deus, caminhar com Deus, seguir docilmente os ensinamentos
do seu Filho Jesus”. “A conversão não é um esforço para nos realizarmos a nós próprios”.
“A nossa verdadeira felicidade consiste em permanecer em Deus, em Cristo”. É Ele que
vem ao nosso encontro com a Sua graça, tornando possível a nossa conversão e acompanhando
os nossos esforços nesse sentido. Para os cristãos, a Quaresma é a época “propícia
para nos treinarmos com maior tenácia procurando Deus e abrindo o coração a Cristo”.
Presentes na Aula Paulo VI, para a audiência geral, alguns grupos de peregrinos
de língua portuguesa, nomeadamente um do “Círculo Loyola”, de Coimbra. O Santo Padre
dirigiu-lhes uma saudação em português:
Amados
peregrinos de língua portuguesa, Hoje a Igreja entra no seu período Quaresmal,
fazendo ressoar as palavras de Jesus, que estimulam à conversão e a depositar a própria
fé no Evangelho (cf. Mc 1,15). Converter-se significa buscar o Senhor e seguir docilmente
os seus ensinamentos. A liturgia desse tempo convida a refletir e a rezar, valorizando
ao mesmo tempo a penitência e as obras de caridade pelos nossos irmãos. Com os
votos de que Deus vos faça prosseguir na caminhada penitencial rumo à Páscoa eterna,
dou-vos a minha Bênção Apostólica, extensiva aos integrantes do Círculo Loyola de
Coimbra.
Presentes também, nesta audiência geral, numerosos peregrinos italianos
da Úmbria, com os respectivos Bispos, que se encontram em Roma por ocasião da sua
quinquenal “visita ad limina Apostolorum”. Dirigindo-se-lhes especialmente, Bento
XVI recordou que “a perene missão” da Igreja: “difundir a luz da verdade de Cristo
que ilumin as gentes, para que resplandeça em todos os âmbitos da sociedade”. “Anunciando
a mensagem evangélica, cada comunidade cristã coloca-se ao serviço do homem e do bem
comum. Conscientes deste mandato missionário, estimulai cada vez mais os fiéis confiados
aos vossos cuidados pastorais a prosseguirem no esforço de permearem os espaços da
cultura actual com a linfa vital da graça divina”. Dada a grande afluência de peregrinos,
também desta vez a audiência do Papa foi desdobrada em dois momentos. Antes de se
dirigir á Aula Paulo VI, Bento XVI deteve-se primeiro na Basílica de São Pedro para
acolher alguns milhares de jovens estudantes italianos. Recordando-lhes os riscos
a que está exposta a sua vida espiritual, o Papa encorajou-os a percorrer o austero
itinerário quaresmal, tempo de penitencia e de compromisso ao serviço dos irmãos