Moçambique: situação das cheias na bacia do Zambeze; um quadro preocupante.
(20/2/2007) Mais de 85 mil pessoas foram desalojadas pelas inundações que afectam
há algumas semanas a região centro de Moçambique, que destruíram também milhares de
hectares cultivados.Num balanço de um encontro realizado no domingo na Beira, capital
da província de Sofala, também fustigada pelas intempéries, o ministro da Administração
Estatal, Lucas Chomera, os governadores das quatro províncias do centro moçambicano
e os responsáveis do INGC previram para as próximas semanas um agravamento do cenário
de cheias naquela região do país.Já no domingo, o Governo havia anunciado que se mantinha
o “alerta vermelho” no vale do Zambeze, apesar de ter declarado o fim das operações
de resgate de pessoas ameaçadas pelas águas.Na origem dessa situação, está “a contínua
subida dos níveis hidrométricos nas estações de Mutarara, em Tete, Caia e Marromeu,
em Sofala”, na sequência de um novo pico de cheias superior ao que aconteceu em 2001
na bacia do Zambeze.O plano de intervenção concebido pelo Governo moçambicano prevê
que 285 mil pessoas sejam afectadas pelas cheias, das quais 142 mil deverão passar
pelos centros de acomodação.Com o deteriorar da situação, o Governo viu-se forçado
a aumentar o fundo do Plano de Contingência para mais de três milhões de euros.Para
ajudar a minimizar a situação, a organização não governamental Médicos do Mundo -
Portugal (MdM-P) vai participar, assim que estiverem reunidas as condições logísticas,
numa missão humanitária de emergência no país.A organização, enquanto membro do Fundo
Central de Resposta a Emergências (CERF), entidade coordenada pela Organização Mundial
de Saúde (OMS), está já a procurar mobilizar recursos de diversas fontes.A missão
conjunta está ainda na fase de avaliação das necessidades, após o que serão definidas
as áreas prioritárias de intervenção, enquadradas em quatro domínios. São eles a montagem
de um sistema de vigilância epidemiológica, em colaboração com o Ministério da Saúde
moçambicano, e o tratamento de malárias e diarreias decorrentes de cólera e desinteria,
através da vacinação (sarampo, cólera e, possivelmente, meningite) e tratamento da
água (cloro e tanques flexíveis com água tratada, distribuição de redes e/ou pulverização
dos campos).