IGREJA EM PORTUGAL APELA AOS MÉDICOS PARA QUE INVOQUEM OBJEÇÃO DE CONSCIÊNCIA
Lisboa, 17 fev (RV) - Os bispos portugueses fizeram um apelo, ontem, aos médicos
e profissionais da saúde, a "não hesitarem em recorrer ao status de objetores de consciência",
a fim de não praticarem o aborto.
Na nota pastoral divulgada em Fátima, ao
término de sua assembléia plenária extraordinária, o Episcopado português lembra aos
fiéis católicos que "o fato de o aborto passar a ser legal não o torna moralmente
legítimo". Para a Igreja, "todo aborto continua a ser um pecado grave, porque desrespeita
o mandamento do Senhor: Não matarás".
Na nota, os bispos fazem um apelo ao
governo e à sociedade civil, para que reforcem o apoio às famílias e às mães "a fim
de acabar com o aborto e tornar a lei que acaba de ser referendada, uma lei inútil".
"A Igreja continuará fiel à sua missão de anunciar o Evangelho da vida em sua plenitude
e de denunciar os atentados contra a vida" _ afirmam os bispos, sublinhando que o
"novo contexto legal" não "enfraquecerá" a Igreja "no prosseguimento desta luta".
A
vitória do "sim" no referendo é, para os bispos, "o sinal de uma acentuada mutação
cultural do povo português", que a Igreja "deve enfrentar com realismo".
Reconhecendo
"certa fragilidade do processo evangelizador" relativamente a essa "nova realidade
social", a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) assume agora, como prioridade, a
ajuda às pessoas, o esclarecimento de consciências e a criação de condições para evitar
o recurso ao aborto, legal ou clandestino.
A Igreja lança também um apelo às
mulheres grávidas, que "se sintam tentadas a recorrer ao aborto, para que não se precipitem".
É que, na opinião dos bispos, "a decisão de abortar é, na maior parte dos casos, tomada
em grande solidão e sofrimento".
A CEP assume o compromisso de "criar ou reforçar
estruturas de apoio eficaz e amigo às mulheres que se vêem diante de uma maternidade
não desejada".
Os bispos defenderam ainda, uma política de educação que "forme
para a liberdade, na responsabilidade, concretizada numa correta educação da sexualidade".
Eles garantem que "a sadia educação da sexualidade deverá se abrir à gestão responsável
da própria fecundidade, através de um planejamento familiar sadio, que respeite e
integre as opções morais de cada um". (MZ)