CARDEAL MARTINO: "NÃO À POLÍTICA DO OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE" NA LUTA CONTRA
O TERRORISMO
Cidade do Vaticano, 17 fev (RV) - Toda autêntica religião jamais deve tornar-se
pretexto para alimentar conflitos, ódio e violência. Indivíduos e comunidades religiosas
têm o dever de manifestar claramente, sua completa e radical rejeição à violência,
de toda e qualquer violência, sobretudo aquela que se encobre com o santo nome de
Deus. Hoje, a humanidade espera dos fiéis, gestos concretos de paz e de solidariedade
e críveis palavras de esperança.
Foi o que disse esta manhã, o presidente do
Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz", Cardeal Renato Raffaele Martino, falando
aos jovens do Colégio Santo Aloísio, de Malta, sobre o tema: "Paz, violência e religiões".
O
Cardeal Martino encontra-se, desde ontem, sexta-feira, na ilha de Malta, para animar
três dias de reflexão e de estudos sobre a Doutrina Social da Igreja, no 40º aniversário
da encíclica "Populorum Progressio", de Paulo VI, e no 20º, da encíclica "Sollicitudo
Rei Socialis", de João Paulo II.
Esta manhã, após ter ressaltado as muitas
características da guerra e da paz hoje ,do alargar-se do terrorismo e da urgência
de defender a sacralidade da vida humana, promover a família, eliminar a pobreza,
empenhar-se concretamente pelo desarmamento e defender o desenvolvimento, o purpurado
insistiu no conceito de que "nenhum motivo religioso pode induzir-nos a considerar
os outros como inimigos contra os quais combater".
"Há um tempo _ disse o presidente
do "Justiça e Paz" _ para aprender da diversidade, e há um tempo para aprender sobretudo
daquilo que se tem em comum."
Acerca do terrorismo, o Cardeal Martino ressaltou
que ele "se transformou de atos isolados de indivíduos extremistas numa sofisticada
rede de cooperação política, tecnológica e econômica, com acesso a imensos recursos
e estratégias planificadas em vasta escala".
Indivíduos e nações tomados como
alvos pelo terrorismo são tentados a retribuir "olho por olho, dente por dente", em
espírito de vingança, mas isso só faz aumentar a violência, num trágico círculo vicioso,
quando, ao invés, é necessária uma "eficaz cooperação política internacional, para
resolver, com coragem e determinação, os problemas que, em certas dramáticas situações,
colocam mais lenha na fogueira dos terroristas".
"É profanação e blasfêmia
_ disse o purpurado, citando o Compêndio da Doutrina Social da Igreja _ proclamar-se
terroristas em nome de Deus. Nenhuma religião pode tolerar o terrorismo e muito menos
pregá-lo."
"É dever imprescindível das grandes religiões da humanidade trabalhar
juntos para difundir uma consciência mais intensa da unidade da família humana, de
modo a eliminar as causas culturais do terrorismo, ensinando que, aos olhos de Deus,
é grande a dignidade da pessoa humana e jamais a violência pode justificar-se em nome
d'Aquele que é amor."
"O serviço que as religiões podem prestar à paz e à luta
contra o terrorismo _ concluiu o presidente do Pontifício Conselho "da Justiça e da
Paz" _ consiste exatamente na pedagogia do amor e da reconciliação." (RL)