APELO DO PAPA EM FAVOR DA DEFESA DA CIÊNCIA MÉDICA, DAS MANIPULAÇÕES E DA DISTORÇÃO
Cidade do Vaticano, 16 fev (RV) - A relação entre médico e paciente é uma área
que deve ser profundamente explorada, para impedir que a profissão médica se limite
ao tratamento do sofrimento físico, ignorando a totalidade da pessoa, e se prestando,
desse modo, "a manipulações" e a "distorções" da sua natureza mais verdadeira. O apelo
de Bento XVI está contido na mensagem, assinada pelo cardeal secretário de Estado,
Tarcisio Bertone, enviada aos participantes do congresso internacional intitulado
"Comunicação e relacionamento na Medicina, novas perspectivas para o agir médico".
O
congresso se realiza hoje e amanhã, na Universidade Católica de Roma, e é promovido
pela associação "Medicina Diálogo Comunhão", em colaboração com a mesma universidade.
Encontrar
uma autêntica relação com o doente, para não trair a própria vocação de médico: é
o que pede Bento XVI aos médicos que participam do congresso promovido pela associação
"Medicina Diálogo Comunhão", que se inspira no carisma do movimento dos Focolares.
Numa
Medicina como a contemporânea, "sempre mais sujeita a manipulações, a tentativas de
distorções de sua natureza específica, que é a de um saber a serviço do homem doente,
este _ escreve o papa na referida mensagem _ deve poder contar com uma "dimensão relacional"
que envolva todos os atores de uma estrutura médica: da equipe que acompanha o paciente
ao contexto familiar do próprio doente. Esse assunto demonstra, observa o pontífice,
a "centralidade" que a comunicação ocupa na profissão médica.
Todavia _ argumenta
mais adiante Bento XVI _ seria "um erro identificar na capacidade relacional e comunicativa
a totalidade da pessoa humana", porque _ afirma, citando a encíclica "Evangelium vitae"
_ "é claro que, com tais pressupostos, não existe espaço no mundo. para aqueles que
_ como o nascituro ou o moribundo _ são sujeitos estruturalmente frágeis" e, aparentemente,
"totalmente submetidos à mercê de outras pessoas e totalmente dependente delas", em
condições de comunicar "somente mediante a muda linguagem de uma simbiose de afetos".
As
"novas perspectivas" às quais se refere o título do congresso _ ressalta Bento XVI
_ devem ser lidas, portanto, "na ótica de uma capacidade comunicativa que situa o
ser homem acima daqueles valores fictícios que são sempre mais impostos pela sociedade
moderna, como eficiência, produtividade e autonomia".
A esperança que acompanha
essa iniciativa _ conclui o papa _ é a de "descobrir uma sempre maior autenticidade
das relações no mundo da Medicina". (RL)