Ter a coragem de dizer a verdade e de a seguir”: Bento XVI, a uma delegação da Academia
francesa das Ciências Morais e Políticas
(10/2/2007) Há que ter a coragem de dizer a verdade e de a seguir”. “Devemos ter
a coragem de lembrar aos nossos contemporâneos o que é o homem, o que é a humanidade”:
afirmações de Bento XVI, recebendo neste sábado, uma delegação da Academia (francesa)
das Ciências Morais e Políticas, acompanhada do arcebispo emérito de Paris, cardeal
Lustiger. “ Como exemplo concreto de “verdadeira liberdade”, o Papa Ratzinger evocou
longamente a figura do cientista russo, perseguido político, André Sakharov, ao qual
ele próprio sucedeu, a seu tempo, como membro desta Academia das Ciências Morais e
Políticas. “Esta alta personalidade recorda-nos que é necessário, na vida pessoal
como na vida pública, ter a coragem de dizer a verdade e segui-la, (e) ser livre em
relação ao mundo ambiente que tem a tendência de impor as suas maneiras de ver e os
comportamentos a adoptar. A verdadeira liberdade consiste em caminhar no caminho
da verdade, segundo a sua vocação própria, sabendo que cada um terá que prestar contas
da sua vida ao seu Criador e Salvador”.
O Papa sublinhou a “necessidade de
apresentar aos jovens de hoje este caminho, convidando-os a não se contentarem com
seguir todas as modas que se apresentam”.
“Um dos desafios para os nossos
contemporâneos, e particularmente para a juventude, consiste em aceitar não viver
simplesmente na exterioridade, nas aparências, mas desenvolvendo a vida interior,
elo unificador do ser e do agir, lugar do reconhecimento da nossa dignidade de filhos
de Deus chamados à liberdade, não se separando da nascente da vida, mas permanecendo-lhe
fiéis”.
Neste contexto, Bento XVI propôs o exemplo de “liberdade interior”
dado por André Sakharov: “quando, no período comunista, a sua liberdade exterior se
encontrava entravada, era a sua liberdade interior, que ninguém lhe podia roubar,
que o autorizava a tomar a palavra para defender com firmeza os seus compatriotas,
precisamente em nome do bem comum”.
“Também hoje, é preciso que o homem
não se deixe entravar pelas cadeias exteriores - como o relativismo, a busca do poder
e do lucro a todo o custo, a droga, relações afectivas desordenadas, a confusão ao
nível do casamento, o não reconhecimento do ser humano em todas as etapas da sua existência,
da sua concepção ao seu fim natural, deixando pensar que há períodos em que o ser
humano não existiria verdadeiramente. Temos que ter a coragem de recordar aos nossos
contemporâneos o que é o homem, o que é a humanidade”.