PERU: IMPRENSA DENUNCIA EXPLORAÇÃO INFANTIL NO VALE DA COCA
Lima, 06 fev (RV) - O vale dos rios Ene e Apurímac, no sudeste do trapézio
andino peruano, é palco de uma exploração sistemática de centenas de crianças, que
trabalham na semeadura, cultivo e colheita de folhas de coca usadas pelo narcotráfico,
para a produção de cocaína, segundo um relatório da imprensa.
O jornal "El
Comercio" escreveu que muitas crianças andinas, de 10 a 15 anos, semeiam plantas de
coca, numa área de 12 mil quilômetros quadrados, em uma região onde o narcotráfico
tem suas maiores provisões e produção de cocaína de alta pureza.
O documento
intitulado "Pequenos reféns da coca" afirma que a maioria das crianças exploradas
provêm de famílias muito pobres e que, por esse motivo, seus pais aceitam que trabalhem
nas zonas de produção de coca.
Os "filhos reféns" da coca trabalham mais de
oito horas e recebem menos de um dólar por dia, para desfolhar as plantas de coca,
levá-las para os pontos de armazenagem e até o meio de transporte.
"O trabalho
das crianças nas plantações de coca é uma das piores formas de exploração infantil"
_ denunciou o jornal, num relatório dirigido à Organização Internacional do Trabalho
(OIT).
O relatório destaca que "o auge do narcotráfico no vale levou as famílias
não só a se dedicarem ao cultivo da planta da coca, como também a seu processamento
para transformá-la em droga. Isso aumentou a demanda de mão-de-obra, principalmente
de crianças, grupo este que representa 50% da população no vale dos rios Apurímac
e Ene".
Muitas crianças fugiram de seus lares e agora fazem parte desse "exército"
de recrutados ou reféns das organizações do narcotráfico, que operam no Vale dos Rios
e em outras 14 bacias produtoras de coca do Peru, onde se produzem mais de 200 toneladas
anuais de cocaína. (LB)