Cidade do Vaticano, 1º fev (RV) – A Santa Sé suspendeu "a divinis", o bispo
emérito de San Pedro, Paraguai, Dom Fernando Armindo Lugo Méndez, que renunciou publicamente,
no final do ano passado, à sua condição clerical, para poder ser candidato à presidência
do país, nas eleições de 2008.
Numa carta dirigida ao bispo, divulgada ontem,
pela Nunciatura em Assunção, é anunciada a sanção. A Santa Sé não aceita seu pedido
de renúncia ao estado clerical e, ao mesmo tempo, o suspende "a divinis", isto é,
do seu direito de exercer o ministério sagrado.
Além do decreto assinado pelo
prefeito da Congregação para os Bispos, Cardeal Giovanni Battista Re, a Nunciatura
divulgou também, uma carta enviada pelo mesmo cardeal, a Dom Lugo Méndez, no início
de janeiro, na qual lhe comunicava que Bento XVI rejeitara seu pedido de renúncia
ao estado clerical.
Numa entrevista à agência espanhola de notícias _ EFE _
Dom Lugo, cuja Diocese, San Pedro, é uma das áreas rurais mais pobres do país, disse
que já esperava a sanção da Santa Sé. Ele revelou que seu pedido de retorno à condição
laica foi feito porque a Constituição paraguaia proíbe que religiosos, de qualquer
confissão, possam exercer a presidência ou vice-presidência do país.
"Dei o
passo necessário para que a Constituição me habilitasse a ser candidato. Creio que
a opinião da Santa Sé _ permissão, recusa ou suspensão _ não influirá em minha habilitação"
_ disse Dom Lugo Méndez, poucas horas antes de saber da suspensão.
Em sua carta,
o Cardeal Battista Re destaca que "o episcopado é um serviço aceito livremente e para
sempre". A única exceção prevista no Código de Direito Canônico, cânone 90, requer
a existência de uma "causa justa e razoável", fato que não subsiste no caso do bispo
paraguaio, segundo o Cardeal Battista Re.
No último Natal, Dom Lugo Méndez,
de 55 anos, dirigiu uma mensagem à nação paraguaia, anunciando sua decisão de abandonar
seu estado clerical para liderar um amplo movimento popular e derrotar, em 2008, o
Partido Colorado, que governa o país há 60 anos.
Apesar das críticas provenientes
de vários setores do país, sua popularidade é inegável. Exemplo disso foi uma concentração
promovida por ele, na capital, Assunção, cerca de um ano atrás, na qual 30 mil pessoas
se reuniram para pedir o julgamento do atual presidente, Nicanor Duarte, acusado pelo
povo de querer violar a Constituição, querendo se candidatar mais uma vez, à presidência.
(CM)